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França joga reputação contra África do Sul
Anderson Fattori
Com Agências
22/06/2010 | 08:13
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O primeiro dia decisivo da Copa do Mundo opõe duas seleções em crise. Como uma bomba prestes a explodir, a França junta os cacos após série de escândalos internos e foca o duelo diante da África do Sul. Mesmo com problemas menores, os sul-africanos lutam contra vexame histórico de ser a primeira anfitriã a deixar o Mundial na primeira fase. O jogo será às 11h (de Brasília), no Free State, em Bloemfontein. Derrota ou empate significa a eliminação. Só a vitória - e com boa vantagem - pode salvar, isso se não houver empate no outro confronto do Grupo A, entre Uruguai e México.

Campeã do mundo em 1998, a França parece um castelo em ruínas. O descontentamento com o técnico Raymond Domenech iniciou-se antes de a Copa começar e foi aumentando na medida em que os resultados não apareceram. O ápice foi a humilhante derrota por 2 a 0 para o México na última rodada.

Mesmo com péssimo desempenho em campo, Domenech estranhamente manteve o promissor Gourcuff (titular no jogo anterior) e o experiente Henry na reserva durante os 90 minutos. Para piorar, teria ouvido palavrões do atacante Anelka no intervalo. As informações vazaram para a imprensa e a França resolveu cortar o atacante (leia mais abaixo).

A atitude revoltou os jogadores que falam em "traidor dentro do grupo" que teria passado as informações à imprensa. Na sequência, o capitão Evra e o preparador físico Robert Duverne quase trocaram socos e, como represália ao corte de Anelka, os jogadores resolveram não treinar. A crise vitimou o chefe da delegação, Jean-Louis Valentin, que pediu demissão.

Se não vive o mesmo pesadelo da França, a África do Sul sente a cobrança pela vaga nas oitavas de final. A derrota para o Uruguai, por 3 a 0, deixou o povo sul-africano em pranstos e o time está sob pressão. Para ter mais tranquilidade, o técnico Carlos Alberto Parreira fechou o último treino coletivo, mas antecipou que fará mudanças na equipe. "Vamos mexer em cinco peças, mas só iremos anunciar antes do jogo", despistou Parreira.

Independentemente de conseguir ou não a classificação, Parreira não abre mão de vencer. "Queremos a vitória de qualquer jeito. Isso ficaria marcado na história. No futuro, vão comentar a vitória da África do Sul sobre a França. É importante ganhar e deixar boa impressão. O povo sul-africano está orgulhoso e nos incentivando, mas vai ficar muito frustrado se não conseguirmos vencer a França", ressaltou.

Ex-meia Zidane faz brasileiro ‘virar' francês

Copa do Mundo é tempo de deixar a paixão pelo clube de lado e torcer pela Seleção Brasileira. Certo? Errado. Pelo menos para Bruno Coppini, 25 anos, morador de São Bernardo e francês por opção. Isso mesmo! Por mais estranho que possa parecer, o brasileiro com descendência italiana torce para a França.

Para entender essa louca paixão é preciso voltar a 1998. Aos 13 anos, Bruno acompanhou seu primeiro Mundial e viu brilhar o craque francês Zinedine Zidane, que conduziu os Bleus à conquista inédita, justo contra o Brasil. Foi amor à primeira vista. "Me encantei pelo estilo de jogo do Zidane, sua plástica e pelo que fez naquela final. Depois da Copa de 1998 passei a torcer pela França", explica.

E torcer no significado mais profundo que a palavra possa ter. Bruno sabe tudo do futebol francês, sofre com os maus resultados e vibra com as vitórias, independentemente do rival. "Em 2006, por exemplo, minha família se reuniu para ver França e Brasil (pelas quartas de final) e fiquei em casa, assistindo sozinho e torcendo pela França", conta Coppini. "Para mim, torcer por outra seleção não é questão de patriotismo. Amo o Brasil, amo São Bernardo, não mudo daqui, mas prefiro o estilo francês . Só isso", ressalta.

Em 2009, Bruno realizou seu grande sonho: foi a Paris assistir o duelo da França contra a Romênia (1 a 1) pelas eliminatórias. "Foi emocionante estar lá. Era algo que imaginava desde a adolescência. O que mais me marcou foi o respeito e o sentimento com que os torcedores cantavam o hino francês", finaliza. AF

 Em silêncio, Anelka volta para a Inglaterra

Antes mesmo de entrar em campo contra a África do Sul, hoje, a França sofreu dolorida derrota. O atacante Nicolas Anelka, cortado por ter xingado o técnico Raymond Domenech no intervalo da derrota para o México (2 a 0), pela segunda rodada da Copa do Mundo, desembarcou ontem na Inglaterra, onde mora.

Jogador do Chelsea, Anelka não deu declarações e nem explicou por que não quis pedir desculpas pelos palavrões. O corte instaurou interminável crise na seleção francesa e deixou claro para os jogadores que há um dedo-duro no grupo. "O problema não é o Anelka e sim um traidor que está entre nós. Essa pessoa deseja mal à seleção", desabafou o capitão Patrice Evra.

Ribéry, um dos craques do time, seguiu o mesmo raciocínio. "Tem um traidor no grupo e isso tem nos complicado em muitos momentos. Ficaremos aliviados apenas quando descobrirmos quem é", ameaçou o jogador, deixando claro que um integrante da delegação passou à imprensa as informações sobre a discussão entre Anelka e Domenech no intervalo da partida contra o México.




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