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Daniel Dantas interpreta seu primeiro vilão
Gabriela Germano
Da TV Press
21/08/2008 | 07:08
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Em 28 anos na TV, Daniel Dantas sempre foi um bom moço. Às vezes, um chato de galochas. Mas nunca tinha feito um vilão. "No máximo interpretei caras meio dúbios", confirma ele. O ator recebeu com satisfação o austero Natércio, de Ciranda de Pedra, e tem se divertido com o personagem.

"As pessoas vêm me dar os parabéns, mas advertem que o Natércio é muito mau", diz com um sorriso tímido. Não foi só o papel de um mau-caráter que demorou para aparecer na trajetória de Daniel. O ator tem seu próprio ritmo. Diz que só agora, por exemplo, deve se aventurar como diretor. "Conheço muita gente que vai lá e dirige. Mas para mim não é assim, preciso de um tempo", explica.

E talvez seja por esse seu jeito que Daniel ganhou a fama de preguiçoso. Mas ele garante que não é. "Acho que pensam assim por causa da minha cara e do meu comportamento. Mas se eu tiver de emendar trabalhos ou fazer duas coisas ao mesmo tempo, não tenho problemas", defende-se.

Antes de Ciranda de Pedra, você disse em entrevistas que adoraria fazer um vilão na TV. Como tem sido interpretar o Natércio?
DANIEL DANTAS - Divertido. É um personagem que tem muitas certezas e acho que os grandes vilões da história são pessoas de grandes certezas. Mas, ao mesmo tempo, o Natércio é um apaixonado que não sabe lidar com o que sente e nem com o objeto de sua paixão. É muito bom fazer um cara que está a todo momento brigando com seus próprios sentimentos. As pessoas me abordam para falar dele. Algumas dizem que o personagem deve ficar com a Frau Herta e outros dizem para ele tratar melhor a Laura, porque assim ela é capaz de aceitá-lo.

O seu último trabalho na TV tinha sido Paraíso Tropical, em que você se destacou como Heitor. Ciranda de Pedra, no entanto, tem tido menos repercussão. Isso o frustra de alguma forma?
DANIEL DANTAS - Os atores dizem três coisas com muita freqüência: que não trabalham para a crítica, não trabalham para o público e não trabalham para os outros atores. A primeira é verdade mas o resto não, porque a gente sempre trabalha para os outros. Isso vale para qualquer profissão. Não dá para sair perguntando: será que o público vai gostar de mim fazendo isso? Mas às vezes a gente se orgulha de estar fazendo um personagem e fica até com pena porque tem menos gente vendo do que gostaríamos. No caso do Heitor, me diverti muito e a resposta foi boa. Nem sempre isso acontece.

O Heitor foi um divisor de águas na sua carreira?
DANIEL DANTAS - Acho que foi um personagem legal para a minha carreira, mas tem vários outros que também são especiais. Adorei fazer a minissérie Quem Ama Não Mata, nos anos 1980. Bartolomeu, de Força de Um Desejo, e Tadeu, de Anjo Mau, também foram importantes. Guardo muitos trabalhos na memória e acho que tive sorte de ganhar bons papéis e ter bons momentos na carreira. Porque nessa profissão você também tem vários momentos de desânimo.

Quais, por exemplo?
DANIEL DANTAS - Quando você está com um personagem que é um saco, e é inevitável ter alguns. Quando você está sem personagem, o que também é inevitável. Quando pagam mal. E também quando você perde um personagem para o qual fez um teste e foi bem, ou ele foi pensado para você mas acabou caindo na mão de outra pessoa que não vai fazer tão bem. Isso tudo é muito chato, mas se você não tem estofo para isso, não segue na carreira.

E ser homônimo do banqueiro Daniel Dantas (acusado de corrupção pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, atualmente ouvido pela CPI dos Grampos) é chato?
DANIEL DANTAS - Eu acho um saco. Se ele não for preso por corrupção, devia ser preso por roubar meu nome. Ouço muita piada por causa disso. Quando me vêem no Projac, os Cassetas já vêm de longe tirando um sarro. Outro dia o diretor José Lavigne me disse: ‘é inevitável pensar na correlação'. Eu disse: ‘pensa, mas não fala.'




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