Os dados foram sistematizados pelo professor Márcio Pochmann, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e da Economia do Trabalho da Universidade de Campinas (Unicamp). A conclusao dele, após se debruçar sobre dados oficiais de ocupaçao de 141 países do mundo, foi de que o desemprego, embora seja um fenômeno mundial, está cada vez mais presente nas economias periféricas.
"A participaçao dos países ricos no desemprego foi muito maior até os anos 70 e, nos últimos anos, tem descrescido", afirma Pochmann. Ele lembra, por exemplo, que os Estados Unidos eram o segundo colocado em número de desempregados em 1990, e hoje estao em quinto lugar. Nos últimos 25 anos, com o modelo da globalizaçao econômica, países pobres como a India, a Rússia, o Brasil e a Indonésia passaram a ser recordistas em número de pessoas desocupadas.
A diminuiçao da presença de países desenvolvidos no ranking sobre volume de desempregados é clara nas tabelas elaboradas por Pochmann. No ano passado, apenas três naçoes ricas estavam entre as oito recordistas em geraçao de excedente de mao-de-obra: Estados Unidos, Alemanha e Japao. Em 1975, eram seis os países ricos nesse mesmo ranking: Estados Unidos, Itália, Alemanha, Japao, Reino Unido e França.
No conjunto das 141 naçoes investigadas, lembra Pochmann em seu trabalho, o total de desocupados foi de 138 milhoes de pessoas em 1999, ante 37,8 milhoes em 1975, ou seja, o volume de desocupados foi multiplicado por 3,65 vezes. Só que nos países desenvolvidos esse volume nem mesmo dobrou (foi multiplicado por 1,85). Já nos países pobres o número de desempregados quintuplicou: eram 22,3 milhoes de pessoas em 1975 e no ano passado somaram 109,5 milhoes.
A participaçao do Brasil cresceu muito. O nosso índice de desemprego (PNAD-IBGE) aumentou 369% - de 1,73% em 1975 para 9,85% no ano passado. Em pessoas, a conta na década saiu de 2,3 milhao de desempregados em 1990 para 7,7 milhoes em 1999.
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