Os historiadores que pesquisam sobre o Holocausto e a Igreja Católica "não virão consultar esses documentos", já que todo o material já é conhecido, declarou o monsenhor Pagano, prefeito dos Arquivos do Vaticano, numa entrevista ao jornal Corriere della Sera.

"O material mais interessante estará à disposição dos historiadores dentro de três anos, quando serão acessíveis todos os documentos relativos ao pontificado de Pio XI, morto em 10 de fevereiro de 1939", acrescentou.

"Trata-se de uma documentação cem vezes mais importante", informou.

Estes documentos "se referem por exemplo à preparação da encíclica que condenava o nazismo 'Mit Brennender Sorge' e de uma encíclica sobre a perseguição dos judeus que nunca foi publicada", anunciou.

Os arquivos que estarão à disposição dos historiadores, por decisão pessoal do Papa João Paulo II, se referem às relações entre a Santa Sé e a Alemanha de 1922 a 1939, sob o papado de Pio XI. Hitler chegou ao poder em 1933.

Seu interesse reside no fato de se tratar dos arquivos do futuro Papa Pio XII, à época cardeal Eugenio Pacelli, núncio apostólico na Alemanha. Pacelli esteve em Munique de 1922 a 1925 e em Berlim de 1925 a 1929.

Segundo o monsenhor Pagano, "a lentidão da abertura dos arquivos do Vaticano se deve à falta de pessoal para catalogar e fichar os milhões de documentos da época, e não à vontade de ocultar" alguma coisa.