Política Titulo Escândalo no Semasa
Polícia ouve diretor
que liga Aidan a Calixto

Autor do documento que atesta indicação do advogado
no Semasa pelo prefeito, Nelson de Freitas depõe terça

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
03/05/2012 | 07:50
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A Polícia Civil convocou o diretor financeiro do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Nelson de Freitas, a prestar esclarecimentos na terça-feira. O funcionário é responsável pela autoria do documento interno que ligaria o prefeito Aidan Ravin (PTB) ao advogado Calixto Antônio Júnior, acusado, na ação, de ser mentor do suposto esquema de propina para liberação de licenças ambientais na autarquia.

Assinado e carimbado pelo diretor, o comunicado faz parte de processo administrativo nº 5.463/11 e foi apresentado por Calixto à polícia para comprovar que sua indicação para atuar diariamente no Semasa se deu por decisão do prefeito. Na folha, Freitas informa que recebeu ligação telefônica feita pelo assessor de gabinete do chefe do Executivo, Antônio Feijó, informando que os pagamentos a fornecedores da autarquia seriam liberados pelo advogado - mesmo não sendo funcionário público - a partir de 8 de novembro, por determinação de Aidan.

Em entrevista concedida na sexta-feira, o prefeito não contestou a veracidade do documento, porém desmentiu o conteúdo do comunicado. Segundo Aidan, o diretor relatou um fato que nunca aconteceu na realidade, referindo-se a sua eventual indicação. "Não fui eu e jamais pediria para ele fazer isso", disse o petebista, desqualificando a procuração, ao salientar que o texto não foi remetido ao superintendente do Semasa, Ângelo Pavin, nem teve intermediação de seu assessor.

Procurado novamente ontem, Freitas recebeu blindagem da autarquia. O Semasa reiterou que o diretor financeiro está à disposição para prestar explicações aos órgãos responsáveis pela investigação do episódio de possível extorsão a empresas, sob apuração da polícia, Ministério Público e CPI. O pedido de entrevista ao Diário foi recusado.

Freitas é ligado ao grupo da vice-prefeita Dinah Zekcer (PTB) e integra o conjunto de indicados do Paço relacionados com a organização da maçonaria. Na concepção do delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside o caso, dificilmente o diretor vai negar a responsabilidade sobre a autoria.

DEMAIS OITIVAS

A representante da construtora Fratta, Rosa Ramos, tem depoimento marcado hoje na polícia. A oitiva do ex-funcionário da autarquia Eugênio Voltarelli Júnior, braço-direito de Pavin, que era para ser ontem, mas foi adiado, está convocado para segunda-feira, mesma data do representante da empresa Zenit, Ronaldo Virgílio Pereira.

Calixto propõe acareação com prefeito em qualquer lugar

Após declaração afirmativa do prefeito Aidan Ravin de que, se for solicitado, aceita realizar acareação com os envolvidos no caso de suposta venda de licenciamento no Semasa, o advogado Calixto Antônio Júnior propõe realizar esse debate "em qualquer lugar". Inclusive, protocolou na CPI pedido de formação dos depoimentos frente a frente, prioritariamente, com o petebista.

Dizendo-se "pronto por estar com a verdade", Calixto garante que conseguiria desmascarar Aidan. Segundo o advogado, seria fácil desmentir a versão adotada pelo prefeito de "que não sabe de nada". "Para mim, a acareação pode ser até no próprio Diário. Ele (Aidan) pode escolher o local, pois quero apenas esclarecer os fatos. Não tenho interesse político nem fui eu quem denunciou ninguém, me acusaram de envolvimento", avalia, acrescentando que a Justiça é morosa.

Referindo-se ao documento que identifica sua indicação no Semasa, Calixto garante que está levantando outras provas contundentes que demonstram a sua relação com Aidan. "Estou coletando mais documentos para, no tempo certo, apresentar. O prefeito vai fugir de tudo e para se eximir irá fritar os peixes pequenos, como o Nelson de Freitas, esquecendo os leões que estão envolvidos no caso."

O advogado considera que a situação de colocar o diretor financeiro na berlinda é uma vergonha à Prefeitura e Semasa. Segundo ele, Aidan quer mudar o foco, mostrando que toma alguma atitude. "Falar em sindicância (para averiguar quem me entregou o documento) é brincadeira. Uma acareação esclareceria o caso à população. Isso mostra que ele não quer resolver a situação."




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