"Muita gente assiste à CNN, mas a rede nos apresenta como pessoas obtusas, patriotas, explosivas. Em resumo, como pessoas espantosas", explicou Zainab Omar, consultor de 31 anos que vive em Islamabad, acrescentando: "nós não somos assim, somos um povo hospitaleiro".

A CNN vem registrando uma grande audiência no Paquistão com sua cobertura da "guerra contra o terrorismo", graças à rapidez, à falta de concorrência e ao envolvimento direto do país na crise atual. Mas as notícias sobre os distúrbios provocados pela minoria e a sensação de parcialidade provocam um ressentimento crescente entre os paquistaneses.

Para Simbal Khan, universitária e especialista sobre assuntos condizentes à Ásia Central, o sucesso da CNN deve-se à sua rapidez. Mas ela diz que, "em relação à análise profunda do que acontece no Paquistão e no Afeganistão, a TV mostra uma negligência total".

Khan acha que o governo americano explora "a ignorância" da população, que não recebe mais do que informações superficiais sobre o que acontece no resto do mundo. Por isso, TVs como a CNN teriam, segundo ela, "o dever moral" de informar com profundidade. Com uma cobertura como a da CNN, os Estados Unidos dão continuidade ao problema em vez de solucioná-lo ".

A diretora do Instituto de Estudos Estratégicos de Islamabad, Shireen Mazari, criticou recentemente os meios de comunicação ocidentais e sua visão de liberdade de imprensa. Em um artigo publicado pelo jornal "The News", ela sublinhou que a cobertura da imprensa ocidental "está diretamente ligada às informações fornecidas pelos governos. A noção de imprensa livre é um mito como se percebe no modo como os ocidentais tratam a crise afegã".