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Brasil deixa a produção de papel jornal
Antonio Rogério Cazzali
Do Diário do Grande ABC
10/08/2002 | 17:14
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A joint venture firmada entre a brasileira Klabin e a norueguesa Norske Skog, em abril de 2000, deverá terminar em março do próximo ano. Quando firmou este acordo para a produção de papel jornal em sua fábrica, em Monte Alegre, no Paraná, a Klabin deu início a seu processo de saída deste segmento para se concentrar na produção de papéis de embalagem e para o setor sanitário, o que ocorrerá de forma mais intensa em 2003.

A parceria foi feita também para facilitar a entrada da empresa escandinava no mercado brasileiro de papel. A Klabin pretende diminuir sua participação no segmento de commodities e intensificar a produção de embalagens, que têm maior valor agregado e boa aceitação no mercado externo.

Segundo o presidente da Norske Skog para a América do Sul, Vidar Lerstad, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel, no segmento de papel imprensa a produção no Brasil é feita atualmente pela Norske Skog Pisa, que produz na cidade paranaense de Jaguariaíva cerca de 180 mil toneladas de papel imprensa/ano, e pela joint venture Norske Klabin, responsável pela produção de aproximadamente 110 mil toneladas/ano de papel jornal.

As duas juntas produzem hoje por volta de 300 mil toneladas/ano de papel imprensa, mas o mercado brasileiro consome em média 600 mil toneladas anuais. Hoje se importa por volta de 50% do papel imprensa utilizado no mercado interno. Esse produto vem principalmente do Canadá e dos Estados Unidos.

De acordo com Lerstad, com a saída da Klabin em 2003, o mercado nacional passará a importar grande parte dessas 110 mil toneladas/ano para suprir a lacuna, número que poderá ser maior ou menor, dependendo da volatilidade do mercado interno. “O Brasil sofre muito com a instabilidade do setor. Para se ter uma idéia, o país costuma consumir entre 600 mil e 700 mil toneladas anuais, número que deverá ficar abaixo das 500 mil toneladas neste ano.”

A saída da Klabin do segmento não deverá modificar os preços no mercado interno, segundo Lerstad, pois hoje são pagos no Brasil os preços do mercado internacional (commodities), haja vista que a importação do produto tem tarifa zero.

A commodity do papel tem seu preço modificado todos os dias, mediante fatores internacionais, mas esse valor é unificado. Apesar disso, o que torna o produto importado mais caro no mercado interno, além da desvalorização da moeda em relação ao dólar, são os gastos com desembaraço aduaneiro, aluguel de galpões, transporte e a necessidade de se comprar grandes lotes do produto.

Segundo a corretora Souza Barros Câmbio e Títulos, de São Paulo, o equilíbrio do mercado de papel e celulose depende do nível dos estoques internacionais por parte dos produtores. No início deste ano, os preços ficaram estáveis em relação ao final de 2001, na faixa de US$ 430 a tonelada, caindo para US$ 400 em fevereiro. Em abril houve um aumento de US$ 20 e a partir de maio a cotação da commodity avançou mais US$ 30 por mês, se situando no mês passado em US$ 510.

Segundo a corretora, novos aumentos poderão ocorrer, o que dependerá do nível da atividade das principais economias e da administração dos estoques mundiais.




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