É louvável a iniciativa da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo) de lançar programa para revitalizar a combalida Rota do Frango com Polenta, certamente o mais tradicional roteiro gastronômico do Grande ABC. Preocupada com fechamento de restaurantes icônicos do espaço, como o São Judas, o São Francisco e o Florestal, e a completa inanição do poder público, a entidade resolveu ela própria propor medidas para evitar o desaparecimento de uma parte significativa da região.

Impossível ficar impassível diante de ação que contrasta o marasmo com que, tradicionalmente, entidades de classe reagem ao desmantelamento de setores outrora solidificados nas sete cidades. Iniciativas como a da Acisbec, se fossem comuns, poderiam ajudar sobremaneira no combate aos problemas econômicos e sociais das sete cidades. Entidades classistas são extremamente apáticas na região, sabe-se lá por quais razões. Deixam, assim, de cumprir o papel que a sociedade delas espera. A Acisbec, com isso, tenta furar a bolha.

Se algo semelhante tivesse sido tentado neste sentido quando outros ícones do Grande ABC precisaram, talvez a Ford e a Mangels não tivessem trocado São Bernardo por outros municípios, talvez a região ainda dominasse as competições esportivas do Estado, talvez ainda existisse Carnaval nas sete cidades. E talvez, também, a população estaria lamentando perdas imensas, como a Linha 18-Bronze do Metrô, que não saiu do papel mesmo depois que o contrato de construção foi assinado pelo governador do Estado.

Se as entidades classistas se tornassem mais atuantes, com olhar além de seus próprios interesses, o Grande ABC poderia ser a potência econômica, cultural e social que se espera da quarta maior geradora de riqueza do Brasil! Que o exemplo da Rota do Frango com Polenta sirva para pôr essas instituições na rota das imposições que o século XXI apresenta aos representantes da sociedade civil organizada. O momento exige engajamento de todos os atores sociais na perseguição do bem comum.