Economia Titulo
Greve fecha 130 bancos na região
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
26/09/2006 | 22:57
Compartilhar notícia


Com as portas fechadas aos clientes, 130 agências bancárias nas regiões centrais das cidades do Grande ABC permaneceram ontem em greve por 24 horas. Em protesto por reajuste salarial, 3,5 mil trabalhadores aderiram à paralisação organizada pelo Sindicato dos Bancários do ABC (filiado à CUT). A região soma 7 mil empregados no setor. Segundo a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), o movimento atingiu 80% da categoria no país, que totaliza 400 mil pessoas.


Com exceção de São Bernardo, onde parte dos bancos privados recorreram ao interdito proibitório para assegurar o atendimento ao público, agências de grande porte permaneceram fechadas aos clientes nas áreas centrais de todas as cidades da região. Na rua Marechal Deodoro, os bancos públicos, no entanto, suspenderam as atividades.


Em Santo André, por conta do instrumento judicial que assegura livre acesso de clientes e empregados aos bancos, o Bradesco manteve, após uma hora de atraso na abertura, o funcionamento da agência da rua Senador Flaquer, no Centro – principal concentração de bancos da cidade. As demais agências permaneceram paralisadas.


Segundo a presidente do sindicato local, Maria Rita Serrano, os estabelecimentos de São Bernardo contarão com “concentração de esforços” em uma próxima mobilização da categoria. “As agências de São Bernardo e do Bradesco abrem na base da força policial. Por isso, priorizamos as com mais de 20 trabalhadores nas regiões centrais das outras seis cidades”, explicou a sindicalista.


Maria Rita acrescentou que o movimento contou com adesão espontânea dos trabalhadores. “Foi mais tranqüilo do que imaginávamos”, detalhou. Segundo a presidente da entidade de representação, a realização de greve na categoria é mais complicada do que em uma grande fábrica. “É mais fácil parar uma indútria, que concentra muitas pessoas em um só local, do que os bancários que estão espalhados pelas agências.”


Por conta da pulverização da categoria, a sindicalista disse que os trabalhadores grevistas ficam expostos à “perseguição”. “Existe muita repressão às paralisações por parte dos gerentes, do interdito proibitório, da polícia”, elencou Maria Rita. Embora algumas agências tenham efetuado atendimento regularmente, a sindicalista ressaltou os efeitos da paralisação.


Segundo Maria Rita, a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) somente convocou os sindicatos para reunião hoje às 15h após a organização da greve nacional de 24 horas. Ela comemorou também o agendamento de reunião hoje com a direção do Banco do Brasil e a marcação de rodada de negociação com a alta cúpula da Caixa Econômica Federal amanhã. A depender das negociações de hoje entre sindicatos e Fenaban, a categoria pode apontar para greve nacional por tempo indeterminado.

Sem motivos – A Fenaban, por meio de nota, julgou “indevida” a greve nacional da categoria. “Os bancos consideram a greve indevida porque ela foi convocada com sindicatos cientes da nova reunião que será realizada amanhã (hoje).” A entidade de representação patronal também destacou que demonstra disposição para negociar e construir “acordo factível” na mesa de negociação.


Até o momento, nenhuma proposta de reajuste salarial foi apresentada pela Fenaban, após cinco rodadas de negociações entre entidade e sindicatos. Segundo sindicalistas, os representantes dos bancos alegam que as instituições não têm condições financeiras de oferecer reajuste neste ano porque os aumentos concedidos em 2005 custaram “caro”. Neste ano, vale lembrar os bancos registraram lucros recordes no país.

No ano passado, os bancários de todo o país conquistaram reajuste de 6%, com apenas 1% de aumento real. Além disso, a categoria assegurou R$ 1,7 mil de abono salarial mais PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) mínima de 80% sobre salário bruto mais R$ 800.

Reivindicações – Os bancários reivindicam na data-base de 1º de setembro 7,05% de aumento real mais a reposição da taxa inflacionária acumulada nos últimos 12 meses. Os trabalhadores exigem também PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) sobre 5% do lucro líquido linear dos bancos distribuído de forma equitativa entre os trabalhadores mais um salário bruto acrescido de R$ 1,5 mil.


Os bancários buscam ainda melhores condições de trabalho, fim do assédio moral, fim de metas abusivas, mais segurança no ambiente de trabalho e respeito à jornada diária de trabalho de seis horas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;