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Israel se revolta com convite de Putin ao Hamas
Da AFP
10/02/2006 | 13:18
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O ministro israelense da Educação, Meir Sheetrit, afirmou nesta sexta-feira que o convite do presidente da Rússia, Vladimir Putin, aos dirigentes do movimento islâmico Hamas para que viajem a Moscou, é uma verdadeira "punhalada nas costas" de Israel.

Ministros, altos dirigentes e políticos em geral mostraram-se preocupados, ao mesmo tempo que a oposição de direita aproveitou para denunciar o fracasso do governo contra o Hamas, a seis semanas das eleições legislativas em Israel.

A ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, em visita a Washington, mostrou inquietação quanto à "divisão da posição internacional, até agora unida contra o Hamas", informou a rádio militar.

"Esta iniciativa é uma verdadeira punhalada nas costas, pois está destinada a dar uma legitimidade internacional a um grupo terrorista. Nós devemos nos opor por todos os meios", declarou o ministro israelense da Educação à rádio pública.

"O que diria Moscou se, como réplica, convidássemos os representantes dos chechenos a Jerusalém?", questionou Sheetrit.

"A Rússia, que impede a celebração de eleições livres na Chechênia, não pode nos dar lições de moral sobre a legitimidade adquirida pelo Hamas ao fim de uma eleição", acrescentou.

"Putin brinca com o fogo", disse por sua parte o ministro da Habitação, Zeev Boim, que considerou "muito preocupante" a posição da Rússia.

Na quinta-feira, outra fonte do governo israelense havia manifestado o grande mal-estar de Israel com a situação.

"Quando os chechenos cometem um atentado em Moscou, a Rússia considera que se trata de um ato terrorista, mas este não é o caso quando isto acontece em Jerusalém", declarou o alto funcionário, numa referência às dezenas de atentados suicidas cometidos em dez anos pelo Hamas (Movimento de Resistência Islâmica).

Durante a visita a Madri, Putin anunciou o convite aos líderes do Hamas, com o objetivo de buscar uma saída para o conflito israelense-palestino. O movimento radical recebeu a notícia com satisfação.

O presidente russo, cujo país não considera o Hamas um movimento terrorista, destacou que o mesmo chegou ao poder "depois de eleições democráticas e legítimas" e pediu "respeito à opção do povo palestino".

Benjamin Netanyahu, líder do partido Likud (direita), estimou que a iniciativa russa representa um grave revés para a diplomacia israelense. Netanyahu acusou o governo, dirigido pelo partido Kadima, pelo suposto fracasso, ao não mostrar firmeza diante do Hamas, vencedor das legislativas palestinas de 25 de janeiro, e pelo fato de ter aceitado repassar fundos à Autoridade Palestina.

Trata-se de uma soma de US$ 45 milhões entregues à Autoridade Palestina, que corresponde, entre outras coisas, ao valor dos impostos cobrados por Israel aos produtos importados nos territórios palestinos que transitam pelo Estado hebreu.

Os Estados Unidos, por sua vez, pediram à Rússia que esclareça suas intenções e projetos. O Departamento de Estado recordou que a Rússia pertence ao Quarteto para o Oriente Médio, ao lado dos norte-americanos, ONU e União Européia, que na semana passada pediu ao Hamas que reconheça o Estado de Israel e renuncie à violência.




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