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Condoleezza Rice surge como a 'dama de ferro' dos EUA
Da AFP
19/11/2004 | 16:12
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A nomeação de Condoleezza Rice, a assessora de confiança e amiga pessoal do presidente George W. Bush, para a secretaria de Estado americana antecipa um período de diplomacia dura e sem rodeios na Casa Branca. "Com Rice haverá um fortalecimento, no núcleo do governo, das posições rígidas em torno de idéias conservadoras. Haverá mais coerência, mas em detrimento dos valores clássicos da política externa americana", opinou Jon Wolfsthal, especialista em política externa do Instituto Carnegie de Washington.

Formada no estudo aprofundado da extinta União Soviética e do conflito do mundo bipolar Washington-Moscou, a futura secretária de Estado tem um estilo particular.

Embora seu nome Condoleezza evoque doçura, suas posições são rígidas e conservadoras. Sua forma de se expressar - sempre clara, direta e calma - parece seguir ao pé da letra o lema do ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt, que no início do século XX dizia "fale com suavidade, mas carregue sempre consigo um grande garrote."

Com um carisma que parece reservado apenas a seus mais próximos, Rice conta com a confiança cega de Bush, que admira seu conhecimento em política externa, seu desempenho em temas espinhosos e sua clareza para explicar conflitos internacionais.

Desde 2001, sob o primeiro mandato de George W. Bush, foi a primeira mulher à frente do Conselho Nacional de Segurança, encarregado de coordenar as relações da Casa Branca, o departamento de Estado, o Pentágono e os serviços de Inteligência. Desde então, enfrenta circunstâncias excepcionais com os atentados de 11 de setembro de 2001 e a guerra contra o Iraque, lançada em março de 2003.

Agora essa mulher de 50 anos recém cumpridos, conservadora, solteira e com impressionantes antecedentes acadêmicos, chega à secretaria de Estado, atingindo o posto mais alto já alcançado por uma negra de origens humildes nos Estados Unidos.

A relação de Rice com Bush é tão estreita que ela já até chamou o presidente de "meu marido", segundo convidados de um jantar em Washington.

Bush, além de chamá-la carinhosamente de "Condie", não hesita em abraçá-la em público e, certa vez, disse, em tom de brincadeira, que depois de sua esposa Laura, ela é a primeira pessoa com quem fala todas as manhãs para colocar sua agenda internacional em dia.

Ela é, inclusive, um dos poucos membros da administração que tem autorização para visitar a família presidencial nas férias, no rancho do presidente em Crawford, Texas.

Rice nasceu em 14 de novembro de 1954 e sua mãe, uma professora de música, inventou seu nome inspirada na expressão italiana "com dolcezza" (com doçura). O pai, um pastor e professor em Birmingham (Alabama), não se opôs à idéia.

Além de falar fluentemente o russo, ela tem habilidades de sobra para tocar piano e patinar. Condolezza Rice é apontada como um das artífices das políticas contra os países que representam uma ameaça para a segurança dos Estados Unidos, o que explica sua intransigente defesa das manobras militares de Washington no Afeganistão e no Iraque.

Com apenas 26 anos e um doutorado em ciências políticas, ela se tornou professora do Centro Universitário de Stanford para a Segurança Internacional e Controle de Armas. Agora ela terá de lidar com a luta contra o terrorismo, o conflito entre israelenses e palestinos e a democratização do Oriente Médio, as grandes prioridades de Washington neste momento.




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