As manobras na regiao fazem parte da estratégia de marketing do governador contra a privatizaçao da hidrelétrica. Mas, só pela manha, por meio dos jornais, os policiais envolvidos da operaçao tiveram a confirmaçao de que Itamar nao apareceria hoje em Capitólio, regiao onde estao concentrados os treinamentos militares. A explosao que estava programada para o dia da visita de Itamar foi adiada para a manha de quinta-feira, último dia do exercício. O lugar também foi mudado. Nao será mais no dique e sim no acampamento à margem da rodovia MG-050.
"Só havia sentido fazer no dique se o governador viesse", admitiu o comandante da operaçao, coronel Ari de Abreu. A barragem impede que as águas do Rio Grande escoem para o Rio Piumhi e de lá para o Rio Sao Francisco. Itamar chegou a ameaçar romper o dique e comprometer o potencial hidrelétrico da represa caso a privatizaçao da estatal seja concretizada.
A explosao no dique faria parte da encenaçao de uma açao anti-sequestro, com a dinamitaçao de um casebre de madeirite construído no dique. Com o cancelamento desta apresentaçao, um exercício semelhante será apresentado no acampamento. "Queremos que a tropa assista", afirmou Abreu, justificando a mudança de lugar. Além dos PMs, prefeitos e autoridades dos nove municípios envolvidos na operaçao foram convidados a assistir ao "show" que encerrará as manobras.
Marketing - Se a convocaçao dos militares para o exercício em Furnas provocou a irritaçao de muitos deles, a decisao de Itamar de nao prestigiar as manobras só fez acirrar o descontentamento. Quando foram obrigados à realizaçao do treinamento na regiao, os PMs sentiram-se usados como instrumentos de marketing. Mais uma vez - muito embora o discurso oficial do comando seja outro, o sentimento foi o de estar sendo usado para satisfazer interesses políticos do governador.
"Claro que gostaríamos da presença do governador", disse o comandante. "Mas nao há este tipo de frustraçao nao." Segundo ele, com ou sem a presença de Itamar Franco, o objetivo do comando da corporaçao é realizar um bom treinamento e deixar uma boa imagem nas comunidades envolvidas na operaçao.
Enquanto parte da tropa realiza exercícios militares no acampamento, outra parte faz blitze e açoes comunitárias - atendimento médico, emissao de documentos e recreaçao infantil - na regiao. Um questionário de opiniao sobre a operaçao começará a ser aplicado na quarta nas cidades.
De acordo com o comando, as perguntas dizem respeito apenas à açao comunitária da PM e nao têm qualquer relaçao com a questao da privatizaçao de Furnas. "A PM nao é uma instituiçao política para fazer isso", argumentou Abreu.Outra pesquisa de opiniao sobre o treinamento será feita junto aos policiais. A operaçao que teve início na manha de segunda-feira está custando ao Estado cerca de R$ 450 mil.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.