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Ausência de Itamar frustra tropa da Operaçao Furnas
Do Diário do Grande ABC
12/10/1999 | 18:51
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A ausência do governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), na operaçao militar em Furnas provocou frustraçao na tropa de 2,5 mil homens acampada na regiao. "Como mentor das manobras, era de se esperar que ele viesse", reconheceu um tenente do Batalhao de Missoes Especiais que pediu para nao ser identificado. O grupamento, acampado no dique de retençao da represa de Furnas, havia preparado a encenaçao de uma explosao à beira da barragem para apresentar ao governador.

As manobras na regiao fazem parte da estratégia de marketing do governador contra a privatizaçao da hidrelétrica. Mas, só pela manha, por meio dos jornais, os policiais envolvidos da operaçao tiveram a confirmaçao de que Itamar nao apareceria hoje em Capitólio, regiao onde estao concentrados os treinamentos militares. A explosao que estava programada para o dia da visita de Itamar foi adiada para a manha de quinta-feira, último dia do exercício. O lugar também foi mudado. Nao será mais no dique e sim no acampamento à margem da rodovia MG-050.

"Só havia sentido fazer no dique se o governador viesse", admitiu o comandante da operaçao, coronel Ari de Abreu. A barragem impede que as águas do Rio Grande escoem para o Rio Piumhi e de lá para o Rio Sao Francisco. Itamar chegou a ameaçar romper o dique e comprometer o potencial hidrelétrico da represa caso a privatizaçao da estatal seja concretizada.

A explosao no dique faria parte da encenaçao de uma açao anti-sequestro, com a dinamitaçao de um casebre de madeirite construído no dique. Com o cancelamento desta apresentaçao, um exercício semelhante será apresentado no acampamento. "Queremos que a tropa assista", afirmou Abreu, justificando a mudança de lugar. Além dos PMs, prefeitos e autoridades dos nove municípios envolvidos na operaçao foram convidados a assistir ao "show" que encerrará as manobras.

Marketing - Se a convocaçao dos militares para o exercício em Furnas provocou a irritaçao de muitos deles, a decisao de Itamar de nao prestigiar as manobras só fez acirrar o descontentamento. Quando foram obrigados à realizaçao do treinamento na regiao, os PMs sentiram-se usados como instrumentos de marketing. Mais uma vez - muito embora o discurso oficial do comando seja outro, o sentimento foi o de estar sendo usado para satisfazer interesses políticos do governador.

"Claro que gostaríamos da presença do governador", disse o comandante. "Mas nao há este tipo de frustraçao nao." Segundo ele, com ou sem a presença de Itamar Franco, o objetivo do comando da corporaçao é realizar um bom treinamento e deixar uma boa imagem nas comunidades envolvidas na operaçao.

Enquanto parte da tropa realiza exercícios militares no acampamento, outra parte faz blitze e açoes comunitárias - atendimento médico, emissao de documentos e recreaçao infantil - na regiao. Um questionário de opiniao sobre a operaçao começará a ser aplicado na quarta nas cidades.

De acordo com o comando, as perguntas dizem respeito apenas à açao comunitária da PM e nao têm qualquer relaçao com a questao da privatizaçao de Furnas. "A PM nao é uma instituiçao política para fazer isso", argumentou Abreu.Outra pesquisa de opiniao sobre o treinamento será feita junto aos policiais. A operaçao que teve início na manha de segunda-feira está custando ao Estado cerca de R$ 450 mil.




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