Os deputados estão com pressa para aumentar os próprios salários. Nesta quarta-feira, os parlamentares da Câmara iniciaram uma busca por assinaturas para colocar na pauta de votações, em regime de urgência, o projeto que eleva de R$ 12.817 para R$ 21,5 mil seus vencimentos – reajuste de 66%. Para o desejo dos deputados ser concretizado são necessárias 257 assinaturas - maioria simples da Casa.

O projeto prevê que a remuneração dos deputados seja equivalente à dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que deve saltar para R$ 21,5 mil ainda este ano. No entanto, nos corredores do Congresso Nacional existe um projeto que eleva para R$ 24,5 mil os vencimentos dos ministros do STF a partir de janeiro de 2006. Para se ter uma idéia, o salário do presidente da República (Luiz Inácio Lula da Silva) é de R$ 8,8 mil por mês.

Esse aumento para os 'homens' da Câmara significa que os cofres da União terão uma despesa adicional superior a R$ 66 milhões por ano. Porém, essa quantia, na opinião do Corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira, deputado Ciro Nogueira, um dos beneficiários do projeto, não é o suficiente para quebrar o país. "Meio por cento da taxa de juros que se aumenta hoje no país representa muito mais do que o aumento para os deputados, isso não vai quebrar o país."

O reajuste é uma promessa de campanha do novo presidente da Casa, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE). Logo depois de ser eleito e criticado por alguns parlamentares pela proposta, o pernambucano declarou que o parlamentar que não tiver de acordo com o aumento é só escrever uma carta para ele pedindo para não receber seu ordenado 'completo' – este deputado continuaria ganhando R$ 12.817.

No entanto, o crescimento dos gastos da Câmara não será provocado apenas pela remuneração dos deputados. Ainda em 2005, as verbas para os gabinetes vão saltar de R$ 35 mil (mensal) para R$ 45 mil. No entanto, este valor pode pular para R$ 48 mil. Este valor é utilizado para arcar com as despesas de 25 assessores de cada deputados.

Em compensação... – Para que o aumento salarial e a elevação da verba para os gabinetes não causem grandes estragos nas finanças do país, Severino Cavalcanti confirmou que será criada uma comissão para a contenção de despesas desnecessárias na Casa. Essa comissão será responsável por rever todos os contratos da Câmara e verificar o que é o que não é necessário para a Casa. "Onde tiver ralo, vou tampar. Não vai ficar ralo nenhum aqui", ressaltou.