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Projeto para capacitar idosos se prepara para sair do papel

Programa Empreender 60 Mais, voltado à 3ªidade, tem resultado de pesquisa divulgado na 4ª

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
15/02/2020 | 15:50
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Nario Barbosa/DGABC


Abrir e formalizar o próprio negócio, contratar pessoas e movimentar a economia. É esse o intuito do projeto Empreender 60 Mais, cujo público-alvo é formado por idosos do Grande ABC. O resultado deste trabalho será apresentado na quarta-feira, às 14h, no Anfiteatro Heleny Guariba, na Prefeitura de Santo André.

Idealizada pelo economista, consultor econômico e diretor do Instituto Centro de Memórias de Santo André, Aparecido Faria , a ideia nasceu de pesquisas junto ao Sindicato dos Metalúrgicos Aposentados da cidade. “Primeiramente discutimos a ideia com a Agência de Desenvolvimento Econômico da região e depois levamos para o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Nacional. Em junho do ano passado tivemos a aprovação.”

Segundo Cido, como é conhecido, a região é composta por 365 mil pessoas com mais de 60 anos. De 1.231 entrevistados na pesquisa, 59% disseram que pretendiam empreender, sendo a maioria mulheres. Os setores de culinária e beleza são os com maior número de adeptos. “Queremos que aquela senhora que faz bolos e salgados para fora se capacite, se formalize como uma pequena empresária e cresça a ponto de contratar pessoas”, enfatiza Faria.

Atualmente há 32.270 empreendedores entre as sete cidades com idade acima de 51 anos. São Bernardo reúne 10.159 deles – com faixa etária de 51 até 70 anos, de acordo com dados do Sebrae-SP do início do mês.

O objetivo é que, com os MEIs (Microempreendedores Individuais) estruturados, no médio prazo, o faturamento desses negócios chegue a R$ 2,4 milhões ao mês, avalia Faria.

Um dos inscritos a fazer parte do projeto é Valdemar Soares, 64 anos, de Santo André. “Quero aprender, ter conhecimento para administrar melhor meu negócio e conseguir montar meu estúdio de fotografia para ampliar a clientela”, conta ele, que ganha a vida registrando pequenos eventos, como casamentos e batizados. Segundo Soares, que por muitos anos foi dono de uma padaria, a ideia é formalizar o serviço prestado e viver melhor. “Nessa idade queremos viver para os filhos e netos e com qualidade. Não desejamos apenas sobreviver, comprar remédios. Se podemos trabalhar para também girar a economia, por que não?”, questiona.

Soares entrou com pedido de aposentadoria no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) há um ano, mas ainda não obteve resposta. “Mesmo quando sair o benefício desejo continuar trabalhando porque, além da parte financeira, estar ativo faz muito bem para o raciocínio, para a alma, além melhorar relacionamentos e fazer amizades, porque essa idade é período de maior solidão”, comentou Durante as horas de capacitação que terá no projeto, Soares deseja aprender mais sobre edição, luz e fotometria.

Ideia conta com parceria de Sebrae, Senac e Centro Paula Souza

O projeto Empreender 60 Mais será realizado em algumas etapas, com início previsto para dia 9 de março. Os participantes (cerca de 700 pessoas) serão treinados por 18 meses – um total de 80 horas, divididas em três horas por semana. De acordo com o idealizador do projeto, Aparecido Faria, o desenvolvimento do trabalho será feito em conjunto com o Sebrae, Senac e o Centro Paula Souza.

“O Sebrae vai dar o embasamento sobre a parte de economia, fluxo de caixa, finanças. Já o Senac vai trabalhar o segmento de informática e redes sociais, ferramenta importante nos dias de hoje para qualquer empreendedor. E, por fim, o Centro Paula Souza dará treinamento focado na área que cada um vai seguir. Visitas técnicas também serão feitas para avaliar o que pode ser melhorado no negócio de cada um”, lista.

Para isso, serão montados dez centros de capacitação nas sete cidades. “É um projeto que contempla todo o Grande ABC. Queremos transformar o MEI (Microempreendedor Individual) em coletivo ou solidário. Por isso, a ideia de montar o Sênior Net ABC, espécie de rede que conecte todos os empreendedores idosos numa cadeia, para que possam divulgar seus trabalho e trocar com os demais, como escambo. Não adianta você capacitar um senhor e ele ficar isolado no mercado”, conclui Faria. TM 




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