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TRT não consegue acordo e greve continua no ABC
Do Diário OnLine
Com Diário do Grande ABC
30/10/2003 | 22:50
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O metalúrgicos em greve no Grande ABC e três empresas fabricantes de veículos não entraram em acordo nesta quinta-feira, em um audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região. Assim, os trabalhadores seguem de braços cruzados até que, na próxima terça, o TRT julgue a greve da categoria e o dissídio coletivo. As partes poderão recorrer da decisão do Tribunal.

Da reunião no TRT tomaram parte representantes da Volkswagen, da General Motors e Mercedes-Benz (Daimler-Chysler), montadoras que instauraram nesta manhã dissídio coletivo de greve junto ao Tribunal. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijóo, que participou da discussão, as fábricas nem se dispuseram a negociar uma nova proposta de reajuste salarial.

Na Volks, que emprega cerca de 14,8 mil pessoas, as linhas de montagem estão totalmente paradas e devem continuar assim na sexta-feira. Na Mercedes, apenas o setor de motores, que tem 1,5 mil trabalhadores nos três turnos, decidiu manter a paralisação. Em São Caetano, cerca de 1,2 mil funcionários do setor administrativo (mensalistas) da General Motors estão de braços cruzados.

Outras duas fábricas da região também estão em situação parecida, porém menos radical. Uma é a Ford, cuja assessoria de imprensa informou que a empresa não tomou parte do pedido de dissídio porque pretende retomar as negociações com os trabalhadores. Nesta quinta, após assembléia realizada pela manhã, os cerca de 5,7 mil metalúrgicos decidiram fazer greves estratégicas, parando a cada dia um setor.

Já os 2,1 mil trabalhadores da Scania aceitaram, em assembléia realizada no final da tarde desta quinta-feira, uma nova proposta apresentada pela montadora e decidiram voltar ao trabalho. A Scania concederá 18,01% de reajuste salarial para todos os trabalhadores, sendo que esse percentual é composto pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e mais um ganho real de 2%.

Feijóo disse que a proposta apresentada pela Scania deveria se tornar referência para as demais montadoras. “Se a Scania pode dar aumento real, é sinal que as outras também podem”, afirmou o sindicalista. "A proposta é positiva e mostra que quando a empresa se propõe a negociar é possível chegar a um acordo bom para as duas partes", disse. A expectativa dos sindicalistas é que as demais montadoras apresentem novas propostas de negociação antes do julgamento do dissídio da categoria.

Os trabalhadores cruzaram os braços na quarta-feira, após rejeitarem a proposta de reajuste salarial apresentada pelo Sindicato Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea). A entidade propôs aumento de 15,7% a todos os funcionários que recebem até R$ 4,2 mil — o percentual refere-se à recomposição integral da inflação do período de novembro de 2002 a setembro deste ano. Já os trabalhadores com salários superiores a R$ 4,2 mil receberiam uma parcela fixa de R$ 659,40 como reajuste.

Cadeia – A greve anunciada na terça-feira pelos metalúrgicos da unidade da Volkswagen de Taubaté não aconteceu, mas os operários tiveram que paralisar a produção por falta de peças. A greve nas unidades de São Bernardo e São Carlos provocou a parada na fabricação do Gol e da Parati em Taubaté, principalmente por falta de motores e câmbios.

O Grande ABC possui 95 mil metalúrgicos, sendo 47,5 mil funcionários de montadoras e o restante de autopeças. A previsão do Sindicato é que a greve atrase a produção de 1,4 mil automóveis e 280 caminhões por dia. Para Feijóo, apesar das montadoras estarem com o estoque cheio, a greve prejudica os negócios do setor, porque, segundo ele, as empresas fabricam para abastecer não só o mercado interno, mas também o externo. "As vendas no país cresceram. Elas estão no melhor momento do ano."




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