O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra vai pedir ao governo, em reuniao dia 10, a desapropriaçao de 90% da área do município de Itapura, no extremo noroeste de Sao Paulo. No município, com 254 quilômetros quadrados, seriam preservadas apenas as propriedades com menos de 250 hectares, - 8 das 77. A informaçao foi dada nesta quinta-feira pelo líder do MST, Lourival Plácido, em Andradina, a 650 quilômetros de Sao Paulo.

Plácido afirma que as terras sao devolutas desde o século passado, quando o imperador D. Pedro II determinou a instalaçao de uma Vila Militar para proteger Sao Paulo da invasao dos paraguaios. O líder afirmou estar mais confiante agora, pois o Instituto de Terras do Estado de Sao Paulo (Itesp) passou a ser responsável pela elaboraçao dos laudos de vistorias e encaminhamento das propostas de desapropriaçoes, antes feitas pelo Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária (Incra). O convênio repassando a atribuiçao foi assinado quarta-feira.

"O Itesp, ao contrário do Incra, tem mais funcionários e veículos disponíveis para esse serviço", disse Plácido. Há pelo menos 400 famílias acampadas às margens da Rodovia dos Barrageiros, aguardando apenas instruçoes das lideranças para invasao, informou o líder.

Fazendeiro - O advogado Paulo Godoy Moreira, dono da Fazenda Nova Itapura, disse nesta quinta-feira que a liderança do MST está equivocada sobre a vulnerabilidade documental daquelas terras. Segundo ele, há uma sentença do Supremo Tribunal Federal concedendo direitos da posse aos fazendeiros, num processo que se arrastou durante 15 anos e que foi concluído ainda na década se 70.

A açao segundo Moreira foi movida pelo Exército, que se julgava dono de todas as glebas adquiridas por Jeremias Lunardelli, seu avô, há mais de 50 anos naquele município. Moreira afirmou ainda que antes do MST pôr em prática o plano de invasao de suas terras, ele foi até o Fórum de Pereira Barreto e conseguiu da Justiça documento de manutençao de posse com base na decisao do STF. Além disso ele obteve há poucos meses, laudo pericial comprovando que a área é produtiva. "Lutei durante quinze anos para impedir que a direita me tomasse a fazenda e nao vou permitir que a esquerda faça agora usando a força", disse o advogado.