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João Paulo Cunha garante verba ao Grande ABC
Evelize Pacheco
Paulo Carneiro
Do Diário do Grande ABC
17/04/2004 | 19:02
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Se depender da boa vontade do governo federal, o Grande ABC será agraciado com parte do bolo do Orçamento da União por meio das emendas dos deputados federais. “A maioria das emendas serão atendidas”, garantiu o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, em entrevista exclusiva ao Diário concedida na última sexta-feira, durante visita à sede do jornal. Na sua avaliação, a região recebe uma atenção diferenciada do governo Lula.

O discurso otimista também se estende à eleição municipal, com aposta na hegemonia petista. “O Grande ABC conhece bem o PT”, sustenta João Paulo Cunha. “Acredito que o partido terá prefeitos em todas as cidades.” Para ele, a crise causada pelo caso Waldomiro Diniz está superada e não afetará o desempenho do partido nas urnas . “O povo escolhe o prefeito na cidade sem relação com o que acontece em Brasília.” O deputado veio à região para participar de um fórum sobre inclusão social.

DIÁRIO – Até que ponto o caso do Waldomiro Diniz tem provocado essa paralisia de que se fala no governo Lula?

CUNHA – O caso afetou um pouco o governo, mas é um caso superado. O governo já recuperou a dinâmica de trabalho, já está funcionando plenamente, ainda tem uma série de projetos em andamento, outra série em gestação. É ruim, triste, mas foi enfrentado pelo governo e agora é aguardar as decisões dos orgãos que estão investigando. Se o crime do Waldomiro Diniz for comprovado, ele tem de ser punido, tem de pagar pelo crime que cometeu.

DIÁRIO – Mas as queixas de que existe uma paralisia são pertinentes?

CUNHA – Se você reparar, há duas semanas o presidente (Lula) apresentou uma política industrial bastante positiva, como nunca o Brasil recebeu. Apresentou o projeto das agências reguladoras (Anatel e Aneel), que é também muito positivo, porque atende à uma reivindicação dos empresários do maior setor da economia brasileira. Agora deve chegar a discussão do salário mínimo, tem uma série de projetos que foram discutidos que eu acho que mostra que o governo superou a crise e está absolutamente em andamento.

DIÁRIO – Mas pelo fato de estarmos em um ano eleitoral, o senhor não acha que a oposição vai querer explorar mais esse caso?

CUNHA – Acredito que esse caso vai ultrapassar as eleições. Mas enganam-se as pessoas que acham que o caso Waldomiro tem repercussão nas disputas municipais. O povo brasileiro não vai fazer relação. No Grande ABC, o eleitor estará preocupado em escolher um bom prefeito para Santo André, para São Bernardo, para Mauá ou para São Caetano. O que tem o candidato de cada cidade com o Waldomiro? Não tem ligação alguma. É como condenar um árabe muçulmano qualquer pelas ações de Bin Laden. São coisas completamente diferentes.

DIÁRIO – Qual é a expectativa do senhor em relação à votação do salário mínimo? A pressão será muito grande?

CUNHA – A votação do mínimo sempre é difícil, porque o valor é baixo, pela avaliação da média dos trabalhadores dos grandes centros, principalmente da iniciativa privada. Esse setor sempre acha que o valor do mínimo é muito pequeno, e é mesmo. Segundo, porque é um ano eleitoral, e todo mundo fica preocupado com isso, mas não tem muita alternativa: tem de enfrentar esse debate, compreender a realidade que o país vive e votar. O PT tem um projeto, o que muita gente queria é que o nosso governo chegasse lá e tomasse medidas voluntariosas e até certo ponto, ideais, mas que perante a realidade acabariam sendo desmentidas. E como conseqüência disso, poderia gerar uma crise econômica e política. Muita gente queria essa atitude, e nós trabalhamos para não fazer isso. Nós temos absoluta consciência da realidade e do nosso papel. Agora do nosso papel para a realidade há uma diferença muito grande, temos uma série de desejos, de sonhos que nem sempre podem se confirmar, mas que estão presentes e precisam se trabalhar muito para isso. Mas o que dava para ser feito num primeiro momento, foi feito. Agora, estamos numa segunda etapa, que é fazer com que os programas que começam a mudar o país começam a ser aplicados efetivamente: a política industrial é uma coisa para valer. A universidade para todos, quando a gente formalizar esse projeto, 100 mil jovens estarão nas universidades privadas filantrópicas, todos garantidos pelo Estado. Garantir a reforma agrária que está em andamento, não como algumas pessoas querem, mas do jeito que estamos fazendo. Nós vamos começar a aplicar um programa, que ainda não é o ideal do PT, mas é o programa possível para essa etapa.

DIÁRIO – O sr. acha que o governo tende a ceder demais aos aliados?

CUNHA – O que as pessoas precisam entender é o seguinte: esse governo não é só do PT, é pluripartidário. E o partido que apóia o governo tem o direito de participação. Segundo, nós criamos – o PT foi um pouco responsável por isso – uma imagem que as emendas parlamentares é uma coisa ruim, com movimentos de barganha, e não é. A emenda é apresentada, inscreve-se essa emenda no Orçamento e depois briga para ser liberada, é natural esse negócio.

DIÁRIO – Há a questão das emendas da bancada do Grande ABC que não foram atendidas de certa forma...

CUNHA – Não foram?

DIÁRIO – De certa maneira não, o que foi destinado para a região é menos do que o esperado, podemos dar o exemplo do Rodoanel. No total o valor é de R$ 1,9 bilhão, mas União prevê cerca de R$ 400 milhões. No Orçamento de 2004, a previsão é de que sejam liberados apenas R$ 35 milhões. Isso está relacionado com a PPP (Parceria Público-Privado)?

CUNHA – Não, isso não tem nada a ver, não sei em que estágio está, mas a idéia do governo é começar a liberar as emendas (dos deputados) agora. Estamos em processo de liberação, então não sei o cálculo que você está fazendo, mas as emendas apresentadas pelos deputados, e que inclusive incidem sobre a região serão atendidas, a maior parte será atendida. Não sei especificar quais, mas o que importa é ter uma compreensão de que o governo federal tem um carinho pela região.

DIÁRIO – Como o senhor avaliaria a eleição municipal no Grande ABC? O PT tem mesmo condições de conquistar as sete prefeituras? E considerando que a eleição não será federalizada, como o senhor vê a situação de Santo André, que tem o caso do Celso Daniel?

CUNHA – Veja, o Grande ABC conhece muito o PT, não é? Conhece muito as suas administrações. Então não é uma situação nacional que vai incidir sobre o voto do eleitor da região. O povo vai procurar um bom prefeito, se o bom prefeito estiver no PT, ele vai escolher essa pessoa. Falei naquela ocasião que estive aqui no Grande ABC que o PT tem chances de eleger os sete prefeitos é porque tem mesmo, em todas as cidades, se você reparar, tem o PT disputando: em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande. No meu ponto de vista, temos muita chance de eleger os prefeitos da região.




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