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BC começa a rever estratégia de aperto monetário
Do Diário do Grande ABC
23/07/1999 | 17:33
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O diretor de Política Econômica do Banco Central, Sérgio Werlang, disse que o momento atual é de "afrouxar a política monetária". Ele destacou que a economia brasileira vem se recuperando nos últimos meses e que o cenário já permite que o governo reveja os atuais mecanismos de aperto monetário. "Esses mecanismos de política creditícia e de compulsórios foram utilizados no passado, agora é hora de afrouxar a política monetária", afirmou.

Werlang citou como exemplo de medidas que podem ser adotadas para desmontar as amarras que mantêm os juros em alta no país a queda de 30% para 20% dos recolhimentos compulsórios sobre os depósitos a prazo.

O diretor lembrou que o Banco Central criou um grupo de trabalho para estudar a disparidade entre as taxas de juros básica da economia (negociada entre o BC e as instituiçoes financeiras) e as do crédito direto ao consumidor. O resultado da pesquisa vai servir de base para o Governo promover novas medidas que flexibilize a política monetária ao longo dos próximos dois a três anos. O objetivo é identificar os instrumentos que alimentam a disparidade de entre a taxa de juros de captaçao e a do crédito direto ao consumidor. "Um país de inflaçao baixa tem que ter os mesmo parâmetro de outros países na mesma condiçao", explicou o diretor, que participou de uma palestra no Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef) O diretor do BC comemorou o fato do Brasil ter registrado no primeiro semestre do ano a taxa de juro real mais baixa desde 1993, se comparada com a inflaçao medida pelo Indice Geral de Preços (IGP) calculado pela Fundaçao Getúlio Vargas. A taxa ficou entre 12% e 13% ao ano e só foi possível, segundo ele, graças ao sistema de flutuaçao cambial e a austeridade fiscal do governo. "Houve uma melhora nas expectativas, chegou-se a prever uma taxa de desemprego de dois dígitos para este ano", disse. "É natural em uma economia que os juros reais estao em queda que o desemprego recue e a atividade se recupere", analisou.

O diretor do BC nao está preocupado que o repique da inflaçao possa comprometer o recém-lançado sistema de metas. Segundo ele, as metas já previam um aumento do índice do custo de vida após o reajuste das tarifas públicas promovido pelo Governo. "Mesmo que ocorra um novo reajuste dos combustíveis, a inflaçao nao vai explodir no país", afirmou.

Werlang disse ter ficado surpreso com o grande impacto da afirmaçao do presidente do BC, Armínio Fraga, de que a inflaçao possa ficar ligeiramente acima da meta traçada para este ano. "Nao sei porque causou tanto frisson, o próprio relatório de metas já falava em inflaçao entre 7,9% e 8,6% para 1999", argumentou o diretor.




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