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'Tucanos devem desculpas a SP', diz Vaccarezza
Jessica Cavalheiro
Do Diário do Grande ABC
24/05/2010 | 07:17
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DGABC/Arquivo


DIÁRIO - Para as eleições deste ano, o senhor busca reeleição - após assumir pela primeira vez uma vaga na Câmara dos Deputados em Brasília. Como o sr. vem preparando sua candidatura?

CÂNDIDO VACCAREZZA - Não estou fazendo pré-campanha. O meu esforço e minha prioridade agora são, até o recesso da Câmara (período em que os parlamentos interrompem as atividades), votar importantes projetos e garantir que essas políticas do presidente Lula sejam aprovadas. Por exemplo, a propositura que permite a criação de um fundo de telefonia para garantir internet banda larga em todas as escolas do País, projetos do pré-sal e a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Depois disso vou pensar na minha campanha.

 

DIÁRIO - Por falar em recesso, o sr. não acha que a proposta de antecipar esse período por causa da Copa o prejudicou, ainda mais em ano de eleição?

VACCAREZZA - A minha proposta foi mal-interpretada, o problema não sou eu e sim o interesse do governo de aprovar os projetos. Em nenhum momento a ideia foi antecipar o recesso, isso é inconstitucional. A minha preocupação é que nos dias de jogos, nós teremos dificuldades porque muitos dos deputados não estarão presentes. Por isso, a ideia foi acelerar todos os projetos de interesse do governo, votar neles antes da Copa. Durante os jogos, iremos discutir os demais trabalhos, aí sim em um esforço concentrado. Iremos dizer para o deputado: ‘Hoje você vai assistir o jogo na Câmara e votar tais e tais projetos.'

DIÁRIO - Como o sr. avalia a aliança entre o PSB e o PT?

VACCAREZZA - O período eleitoral tem dois projetos, dois candidatos: Dilma Rousseff e José Serra. De um lado existe o projeto apresentado pelo Lula com desenvolvimento econômico, distribuição de renda e criação de empregos, período que o Brasil ganhou importância política e econômica no Exterior. Do outro lado, existe um projeto dos tucanos, que já foi testado em várias situações no País. Nele, houve recorde de desempregos no Brasil e um processo de privatizações feito de forma que o País saiu perdendo. Acho que a vinda do PSB está dentro dessa disputa de projetos, é um caminho natural e foi a situaçao mais adequada para o partido. Vamos ter todos os partidos da base em torno da candidata Dilma e os partidos da oposição em torno do Serra.

 

DIÁRIO - Atualmente o sr. é líder de governo na Câmara dos Deputados. No momento, o que o sr. vem mais articulando, ser reeleito ou se tornar presidente da Câmara?

VACCAREZZA - Eu tive a sorte e ajuda de muitos amigos para neste primeiro mandato ter papel de destaque. Não vejo isso como competência minha, mas sim como as circunstâncias que geraram isso. Não posso dizer que sou candidato a presidente da Câmara porque ainda nem fui eleito, quando isso acontecer está colocada a discussão de quem ocupará o cargo. Nós temos bons nomes no PT e temos bons nomes na base de sustentação, então possivelmente podemos ter uma presidência na Câmara que não seja eu.

DIÁRIO - O sr. apostava no Ciro Gomes como candidato ao governo do Estado, o que não aconteceu (para isso, o PSB precisaria criar uma aliança com o PT. Semana passada o Partido Socialista lançou Paulo Skaf como pré-candidato a governador). O sr. já se conformou em ter o Aloizio Mercadante (PT) para a disputa? Ele é o nome certo para tirar os tucanos do governo?

VACCAREZZA - Eu acho que o Mercadante é o melhor nome mesmo antes, quando pensávamos no Ciro. A ideia de ter o Ciro é que precisávamos construir uma frente ampla em São Paulo, capaz de apresentar um nome viável para governar São Paulo e para aproximar o Estado do Brasil. O PSDB atrasou vários projetos do governo federal em São Paulo, eles estão há tanto tempo administrando o Estado e, hoje, vemos que São Paulo tem a pior Educação do País, na segurança só aumenta a criminalidade e a lentidão na execução de obras, como o metrô, é muito grande. Os tucanos precisam pedir desculpa para a população de São Paulo.

 

DIÁRIO - O pré-candidato ao Estado pelo PSDB, Geraldo Alckmin, acusa o presidente Lula de ter feito pouco por São Paulo. O sr. não acha que suas críticas ao Estado podem estar ligadas à ausência do governo federal?

VACCAREZZA - Vamos pensar em 2009, onde todas as prefeituras tiveram queda de arrecadação. Isso foi uma ajuda imensa em todas as prefeituras, independentemente do partido. O Rodoanel tem verba de mais de R$ 1 bilhão e meio do governo federal. Obras do metrô, fura-fila, favela de Paraisópolis, todas tiveram participação da União. Quando o Serra quis privatizar o banco Nossa Caixa, o governo comprou, através do Banco do Brasil, o Nossa Caixa e foi com dinheiro do governo federal. Eu acho que essas acusações do Alckmin são infundadas, aliás, eu espero que ele faça a campanha dele no nível melhor do que ele fez para presidente, porque aquela campanha era só denúncia, denúncia, denúncia e nenhuma proposta para o Brasil.

 

DIÁRIO - O sr. não acha que a escolha de Michel Temer (PMDB) como vice de Dilma para a Presidência pode fazer com que a pré-candidata perca votos?

VACCAREZZA - Pelo contário, vamos ganhar votos. Fizemos acordo com o PMDB no ano passado, entre o Lula os principais dirigentes do PT e do PMDB, onde a candidata seria a Dilma e o vice seria alguém do PMDB, que é o maior partido da aliança. A escolha pelo Temer foi muito bem feita. Ele é um homem ponderado, tem larga contribuição de defesa da democracia do Brasil, foi presidente da Câmara por três vezes. Por tudo isso é o principal dirigente e a cara do PMDB no governo.

 

DIÁRIO - Na sua opinião, a pré-candidata Dilma pode ser prejudicada por nunca ter disputado uma eleição na vida, ao contrário de Serra?

VACCAREZZA - A Dilma tem experiência politica e administrativa. Foi ministra da Casa Civil e ajudou Lula a fazer um governo que há muitos anos a gente não via. Na época dos tucanos, quando o Brasil passava por crises econômicas, o governo reduzia os investimentos, aumentava os impostos e os juros e em todas essas crises o País quebrou. Com o governo Lula, nós reduzimos os juros, reduzimos os impostos e aumentamos os investimentos e o resultado foi positivo. Quando isso aconteceu, ano passado, a Dilma era ministra. Como ela não estaria preparada? Aliás, é só vermos o que as pesquisas estão mostrando.

 

DIÁRIO - Mas o sr. acha que a população tem essa visão e conhece a Dilma? Essa aprovação da candidata não pode ser mérito do Lula?

VACCAREZZA - Se a aprovação dela (Dilma) for pelo Lula, eu como líder do governo dele fico feliz. Se for pelo Lula, pelo governo dele ou pela Dilma, o imporante é o projeto. A populaçao vê na Dilma o projeto do Lula.

 

DIÁRIO - Como o sr. vem avaliando as pré-campanhas de Serra, Dilma e Marina?

VACCAREZZA - Eu acho que nós deveríamos fazer uma lei eleitoral prevendo a pré-campanha para evitar que a cada eleição o tribunal tenha que fazer uma norma diferente. Campanha é uma coisa muito definida, tem cartazes, santinhos, carros de som e isso não está tendo. O programa que o PT faz, por exemplo, é típico de todas as eleições. O que não é legal é um candidato de um partido aparecer na propaganda do outro. O Serra aparecer em programa de seus aliados não acho certo, mas ele aparecer em programas do PSDB, acho normal.

DIÁRIO - E a Marina?

VACCAREZZA - Vejo um problema ético na postura dela, que foi sete anos do PT. Uma pessoa que foi ministra não pode sair atirando, por isso acho que ela não tem condição moral de fazer crítica contundente a nós.

 

DIÁRIO - O sr. trabalhou por dois anos em Mauá (1998 - 2000), primeiro como secretário de Esportes e Turismo e depois como diretor do Hospital Nardini. Qual é hoje sua relação com o Grande ABC?

VACCAREZZA - Essa relação sempre existiu. Fiz emendas parlamentares como deputado federal para todas as cidades do Grande ABC. Recentemente na discussão dos precatórios, que tinha impacto grande na cidade de Diadema, posso dizer que tive papel importante na aprovação da PEC que viabilizou o governo das cidades de Diadema e Mauá.

 

DIÁRIO - Por ter dirigido o Hospital Nardini, o sr. conseguiria apontar culpado pela situação precária que o hospital se encontrava em 2009?

VACCAREZZA - O problema do Nardini é que é um hospital-geral e que atende boa parte da região do Grande ABC e ainda da Zona Leste de São Paulo. Não é justo que os gastos fiquem com a Prefeitura de Mauá. Essa grande demanda extrapola os moradores da cidade. Quanto a questões de Saúde eu prefiro não sair procurando culpados, prefiro trabalhar com as soluções e a solução para mim é o governo estadual assumir mais o custeio do hospital.




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