Número 1 do Brasil nos 100 m e vice nos 200 m, Sandro Ricardo Viana está dando a volta por cima após uma fase complicada na carreira. Depois de vários problemas por causa de insônia, o velocista fez as pazes com o sono e ensaia sua recuperação.

Diagnosticado com esgotamento emocional, Sandro chegou a ficar cinco dias seguidos sem dormir e viu seu rendimento cair para 30%. "Tive de parar tudo, pedi para interromper minha temporada", confessa, lembrando o auge da crise, de março a junho. Depois de 88 viagens internacionais e inúmeras competições em 5 anos, o corpo reagiu. "Meu organismo não sabia a hora de dormir ou acordar."

A solução veio com tratamento fisioterápico, sem medicação, misturando exercícios a uma massagem específica no interior da boca para estimular a glândula hipófise, que regula o sono. "Estou 90% recuperado", comemora, satisfeito após sua estreia nos Jogos Abertos do Interior. Representante de São Caetano, o velocista terminou em segundo, ontem, nos 100 m. Atrás de Fabiano Gilberto da Silva, de Santos.

A experiência traumática com a insônia serviu como lição para Sandro. "Aprendi que para ficar no nível internacional tenho de me cuidar melhor. São necessários 150 dias de treinamento sem ter nem uma gripe."

No balanço da temporada, ele vê o lado positivo. "Foi um ano proveitoso. Fiquei mal justamente no meio da temporada, mas consegui bons resultados."

O melhor desempenho foi obtido no GP de Bogotá, em julho, com 10s11. "Melhor marca da década", comemora. No Mundial de Berlim, em agosto, Sandro parou nas eliminatórias dos 200 m e ficou em sétimo na final do 4x100 m.

Representante nacional nos Jogos Olímpicos de Pequim, o velocista espera que o Brasil aproveite a edição de 2016, no Rio de Janeiro, para revolucionar o esporte. "O Brasil foi campeão de xadrez ao conseguir os Jogos. Agora é ser radical na preparação dos atletas. A China montou uma estrutura completa em 2008 para conseguir seus resultados, o caminho é este."

Nem mesmo a crise pelos vários casos de doping descobertos no segundo semestre abalam a esperança do velocista. "Todos aprenderam a lição. Foi uma lição difícil, foi duro, mas foi importante para o futuro do País."