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Artistas se revoltam com o Câmara de Sto.André
Mônica Santos
Da Redaçao  
10/05/1999 | 19:34
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Artistas, críticos e historiadores estao surpresos com o rumo que tomou o projeto da vereadora Heleni de Paiva (PT), que previa a concessao do título de Cidadao Honorário de Santo André ao artista plástico Luiz Sacilotto, 75 anos.   

Conforme divulgado em reportagem publicada no Diário segunda, a campanha de homenagem ao artista teve início em abril do ano passado, por iniciativa do andreense e pintor Edson Lourenço, e chegou à Câmara Municipal por meio da vereadora do PT. No entanto, sem motivos declarados, a votaçao do projeto foi várias vezes adiada, o que fez com que Heleni, no último dia 25 de março, retirasse o projeto da pauta.  

Para o ator Milton Andrade, de Sao Caetano, a atitude da Câmara reflete um certo descaso com a cultura local. "Sacilotto é uma personalidade brasileira e qualquer pessoa ligada à cultura sabe disso. Eu tenho a impressao de que as pessoas que nao acham esse título importante vivem em outro mundo. Infelizmente, a gente tem a mania de reverenciar as pessoas depois que elas morrem", afirma.   

Suzana Cecília Kleeb, historiadora do Museu de Santo André, compartilha da opiniao de Andrade. "Sacilotto já provou várias vezes que é um patrimônio do Brasil e nao só de Santo André. Eu nao consigo entender essa demora. O projeto teve a assinatura de muitas pessoas, que reconhecem a importância do artista."  

Para Nancy Beets, crítica de arte e professora da FAAP, que também está na lista dos que apoiaram o projeto da vereadora Heleni, o problema talvez possa ser resolvido com aulas de História da Arte. "Sacilotto é um artista reconhecido, pertenceu ao concretismo e este ano teve obras suas expostas no MAM, dentro da coleçao de Adolpho Leirner. Agora, sei que ele está fazendo um trabalho sobre pisos. O nome dele está muito ligado à cidade, mas acho que talvez a Câmara nao se dê conta disso. A arte deve ser levada em conta e esse título é muito importante para que um artista como ele nao seja esquecido", acredita Nancy.  

Já o ator Antônio Petrin, que atualmente mora em Sao Paulo, ficou surpreso com a notícia sobre o rumo do projeto. Amigo e admirador do trabalho de Sacilotto, ele envia um aviso aos vereadores: "Uma cidade, um Estado ou um país nunca será lembrado por um político, mas por um artista ou esportista. O que ocorre em Santo André atualmente é que há uma tendência reacionária absurda com tudo aquilo que se refere à cultura local".  

Petrin atenta ainda que Sacilotto nunca pediu nenhum reconhecimento. "Quem sai perdendo com tudo isso é a própria cidade. Ignorar um projeto como esse é uma lamentável mesquinharia. O que nao me surpreende, mas que me entristece, é que nenhum outro vereador possa se manifestar contra isso", completa.




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