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Taiwan desafia ameaça de uso da força da China
Do Diário do Grande ABC
22/02/2000 | 12:44
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O governo de Taipé aceitou, esta terça-feira, o desafio lançado pela China, na segunda-feira, de promover uma intervençao armada para impor sua soberania sobre Taiwan, durante a campanha presidencial para as eleiçoes presidenciais na ilha, em 18 de março.

Numa declaraçao que deverá provocar furor na China, um porta-voz do ministério taiuanês das Relaçoes Exteriores, Henry Chen, pediu a Pequim que pare com suas tentativas de intimidaçao a Taipé.

``A República da China é um Estado soberano e independente desde seu nascimento, em 1912, e tem o direito de estabelecer relaçoes diplomáticas (com outros países) e de participar ativamente dos grupos internacionais', declarou o porta-voz.

Esta segunda-feira, Pequim havia afirmado num comunicado que ``para salvaguardar a soberania e a integridade territorial da China e obter a reunificaçao das duas margens do estreito (de Taiwan), o governo chinês tem o direito de recorrer a todos os meios necessários'.

Este endurecimento das posiçoes na China comunista foi interpretado por Taipé como uma tentativa de obrigar os futuros dirigentes a modificar sua política em relaçao a Pequim.

O vice-presidente Lien Chan, candidato do Kuomintang no poder, se uniu a seu mentor político, o presidente atual Lee Teng-hui, que quer que os dois países rivais restabeleçam ``relaçoes de Estado para Estado', o que provoca a exasperaçao da China.

O candidato independente James Soong considera que os vínculos entre a China e Taiwan sao de natureza ``quase internacionais sobre uma base de paridade'.

Por outro lado, o candidato do partido progressista democrático, formaçao que advoga em favor da independência, Chen Shui-bian, é partidário de um referendo sobre o futuro do país.

Este aumento das tensoes provocou queda na bolsa de Taipé, que perdeu mais de 4,3% em dois dias.

Nas eleiçoes presidenciais anteriores, em 1996, em Taiwan, a China havia lançado mísseis nas proximidades da costa taiuanesa para advertir aos eleitores contra uma evoluçao até a independência formal da ilha, separada de fato de Pequim, em 1949.

Curiosamente, esta terça-feira as autoridades de Pequim pareceram tentar acalmar os ânimos. O órgao oficial do Partido Comunista, o Jornal do Povo, destacou que ``existem novas possibilidades' para reforçar os vínculos entre os dois lados do Estreito de Formosa, que separa os dois países.

Por outro lado, o porta-voz do ministério das Relaçoes Exteriores em Pequim, Zhu Bangzao, declarou que quando a China estiver na Organizaçao Mundial do Comércio (OMC), o que deve acontecer até o final do ano, Taiwan poderá também se integrar a esta instituiçao de comércio mundial.

Pequim considera Taiwan como uma província rebelde que deve voltar ao controle continental, como Hong Kong em 1997 e Macau em 1999.

Em 1995, o presidente Jiang Zemin propôs aplicar a Taiwan uma fórmula mais ampla que a de ``um país dois sistemas' - vigente para estas duas ex-colônias -, explicando que Taiwan estaria inclusive autorizada a manter seu exército.




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