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Indústria mira aumento da capacidade
Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
21/06/2011 | 07:37
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O cenário de crédito restrito no País não desanimou o setor industrial. O segmento busca por forte expansão, aponta sondagem de investimentos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. O levantamento revela que 36% das empresas entrevistadas têm o aumento da capacidade produtiva como principal motivo para realizar investimentos. E a carga tributária figura como o pior inimigo. A pesquisa foi realizada entre 7 de abril e 31 de maio. O Ibre contou com 812 empresas para concluir o estudo.

No Grande ABC, a Scania é um exemplo de companhias que realizaram investimento em capital fixo. Em entrevista à equipe do Diário, em março, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, Sérgio Nobre, disse que a montadora ampliaria sua seção de pintura. O investimento seria de R$ 40 milhões. A companhia havia informado que o valor faz parte do aporte anual comum na unidade de São Bernardo. A Mercedes-Benz, por sua vez, executa plano de investimento em expansão de R$ 1,5 bilhão. O valor, ao período entre 2010 e 2012, é destinado a todas as unidades, como a fábrica de São Bernardo.

Este é o quarto ano em que a expansão da capacidade de produção é a mais citada com objetivo de investimento. A série histórica teve início em 1998. Em 2010, maior resultado para a resposta, 40% das empresas direcionaram investimentos ao aumento da capacidade de produção.

O Ibre afirmou que nos anos em que a resposta foi a mais citada, o volume de recursos investidos pelo setor foi superior aos demais. Isso ocorreu em 2007, em 2008, 2010 e neste ano.

JUROS

O resultado positivo é confirmado pela percepção da indústria de transformação sobre os empréstimos. Para o setor, limite de crédito e custo dos financiamentos não foram os problemas mais citados para conter o investimento.

Mudanças no crédito foram apresentadas como limitativas para os investimentos por 22% das empresas. Com pouco mais de força figuram os juros, que foram citados por 33% do grupo.

Desde o ano passado o governo federal vem elevando a taxa básica de juros Selic. O objetivo é conter a inflação, reduzindo a demanda e a oferta de crédito no País. A ideia é que a sociedade diminua o consumo pelo encarecimento dos empréstimos, o que resultaria em queda de preços.

O problema é que para o setor industrial, esse cenário causaria redução nas vendas. E a consequência seguiria por toda a cadeia, passando a diminuir produção, faturamento, lucro e, muitas vezes, o quadro de funcionários.

Mas a pesquisa revela que as medidas do governo para conter o crédito não são os inimigos da indústria. A carga tributária elevada foi citada por 42% do grupo, como maior fator limitador de investimento.

O último ano em que o peso dos impostos, taxas e contribuições foi o maior fator bloqueador do investimento da indústria foi 2005. Na época, 46% das empresas responderam que a carga tributária era prejudicial.

 Elevar eficiência produtiva é alvo de 33% da companhias

Aumentar a eficiência produtiva é o segundo motivo mais citado pelas empresas para os investimentos . A pesquisa do Ibre/FGV revelou que 33% dos entrevistados destinam, ou direcionaram, os recursos para esse fim. Outros 15% pretendem substituir máquinas ou equipamentos.

Além das montadoras, a Pirelli, por exemplo, vai destinar US$ 300 milhões para suas cinco fábricas no País entre 2011 e 2013, tendo em vista que uma está em Santo André. /CW

A Rhodia deve, no mínimo, repetir o investimento de 2010, de US$ 50 milhões no ano que vem e a Quattor planeja colocar mais R$ 250 milhões nas fábricas do Grande ABC neste ano.

SEM PLANOS

Cerca de 129, das 812 companhias, afirmaram que estão sem programas de investimento. A limitação de recursos da própria companhia foi apontada por 34% do grupo de entrevistados. No caso dos problemas para realizar aporte, a resposta foi facultativa.




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