Internacional Titulo
América Latina acompanha reuniao de cúpula de Nice
Do Diário do Grande ABC
06/12/2000 | 11:53
Compartilhar notícia


O novo desenho institucional da Uniao Européia (UE), que deverá ser definido na reuniao de cúpula de Nice, que começa nesta quinta-feira, poderá, segundo especialistas, servir como exemplo para uma futura integraçao da América Latina, para a qual toda mudança na Europa tem importância, pois afeta a cooperaçao.

Os países latino-americanos ``estarao observando' o desenvolvimento da reuniao de cúpula de Nice (Sudeste da França), afirma Carlos Carrasco, professor do Centro de Estudos Diplomáticos e Estratégicos de Paris.

``Qualquer movimento (na Europa) tem relevância, principalmente nesta quarta-feira, em que a ajuda ao desenvolvimento da América Latina por parte da Uniao Européia é visivelmente superior a dos Estados Unidos', acrescenta.

A reuniao de cúpula de Nice, que acontecerá de amanha até o próximo dia 10, deve concluir uma ambiciosa reforma institucional, indispensável para a extensao da UE aos países do Leste europeu, que se anuncia difícil, uma vez que obriga cada um dos 15 a renunciar a um pouco de sua influência e poder.

Os temas mais polêmicos da reforma, sem a qual uma Uniao com 27 ou 28 membros poderia ficar paralisada, sao o tamanho da Comissao Européia, o número de votos atribuído a cada Estado no Conselho de Ministros e as questoes em que desaparecerá o direito de veto.

Para Carrasco, presidente do Instituto de Altos Estudos Latino-Americanos de La Paz, na América Latina também ``existe uma vocaçao política' de integraçao, que poderia ser guiada no futuro pela atual construçao institucional européia. ``Atualmente, há negociaçoes entre a Comunidade Andina das Naçoes (CAN) e o Mercosul para poder, em um futuro próximo, esboçar uma integraçao em nível continental', lembra o especialista, para quem ``isto daria um maior poder de negociaçao com o Nafta (Tratado de Livre Comércio que reúne Estados Unidos, Canadá e México)'.

No mesmo sentido, Sebastián Alegrett, secretário-geral da CAN (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), afirmou em Lima que ``a projeçao internacional da CAN se fortaleceu mediante o acordo com o Mercosul de fazer funcionar, o mais breve possível e antes de janeiro de 2002, a zona de livre comércio entre os dois blocos'. De acordo com Carrasco, esta integraçao latino-americana poderia ser ``um reflexo da realidade que se criou na UE'.

Prova disso foi a reuniao desta semana entre embaixadores do Grupo do Rio em Bruxelas e o comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Pedro Solbes. A reuniao partiu do interesse dos diplomatas latino-americanos em ``conhecer a política econômica e monetária de UE' e ``poder determinar mais adiante uma política comum sobre estes temas', declarou o embaixador da Colômbia na UE, Roberto Arenas, que representa o Grupo do Rio este semestre.

De acordo com Carrasco, a III Reuniao de Cúpula das Américas, que acontecerá em Quebec, no Canadá, de 20 a 22 de abril de 2001, poderá ser a ocasiao para se ``esboçar alguns acordos' sobre a integraçao do continente americano. Para ele, ``o surgimento de outra grande zona política dá à América Latina outra opçao que nao seja unicamente os Estados Unidos.

Também em matéria de direitos humanos, ``a perspectiva européia coincide com o sentimento latino-americano', afirma o especialista, evocando o caso de Augusto Pinochet, em que vários países europeus, liderados pela Espanha, tentaram processá-lo, aproveitando-se de sua presença na Gra-Bretanha.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;