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Desenhista lança livro sobre o Velho Oeste em SP
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
15/08/2003 | 19:09
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Fã de western, o roteirista e desenhista de histórias em quadrinhos Primaggio Mantovi, 58 anos, italiano radicado no Brasil desde os 9 anos, publica 100 anos de Western – A Epopéia do Velho Oeste no Cinema (Opera Graphica, 148 págs., R$ 32), fartamente ilustrado com fotos em preto-e-branco. O lançamento é neste sábado, às 18h, na Villa Country (av. Francisco Matarazzo, 774/810, São Paulo).

Mantovi começou sua carreira no Brasil em 1964, desenhando histórias do caubói Rocky Lane, visto em seriados de cinema nos anos 40. Mais tarde, Mantovi desenhou e coloriu revistas de personagens tão díspares como Recruta Zero, Pantera Cor-de-Rosa, Zorro, Os Trapalhões, Gugu e turma da Disney. Mas o gosto pelo faroeste ou bangue-bangue continuou.

O gênero surgiu quando a narrativa cinematográfica estava em sua pré-história. O primeiro roteiro com começo, meio e fim do cinema norte-americano teve 10 minutos e foi o western O Grande Roubo do Trem (The Great Train Robbery), realizado em 1903 por Edwin S. Porter, funcionário do inventor Thomas Edison. Até então, o cinema era mera curiosidade técnica exibida em feiras ou como atração circense. A novidade tornou-se uma nova linguagem na qual o western foi batizado de gênero “norte-americano por excelência”, segundo o respeitado crítico francês André Bazin.

“Vá para o oeste, jovem, e cresça com seu país”, sentenciavam catazes estimulando a migração no século XIX. O filme de caubói passou a ser, especialmente a partir dos anos 40, o elo do norte-americano comum com um passado mitológico. A história como espetáculo anglo-saxão, na qual a figura do vaqueiro solitário ganhou ares de cavaleiro medieval errante. A distância temporal entre o presente, quando os filmes eram realizados, e o passado, onde as histórias aconteceram, ajudava a criar mitos do caubói heróico e do bandoleiro pestilento. No genial Os Imperdoáveis (1992), de Clint Eastwood, há um escritor de Nova York que entrevista esses personagens in loco para escrever suas histórias. Dessa forma, na realidade, foram passadas adiante as lendas de caubóis em livros de bolso.

Mantovi preocupou-se muito com a informação. Seu livro tem leitura fácil e abrangente, refazendo a história do faroeste do princípio até nossos dias. Cita diretores e atores principais e analisa as relações entre o faroeste da tela e da televisão. Outro aspecto é a exploração do gênero na Europa (o chucrute western na Alemanha e o spaghetti western italiano). Há curiosidades como a realização de um faroeste na Amazônia em 1955, The Americano, de William Castle e estrelado por Glenn Ford como um rancheiro que luta contra bandidos brasileiros.




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