Além de dirigir, o cineasta também atua em Bianca. É dele o papel do professor de matemática recém-chegado a uma escola onde conhece uma fauna estranhíssima de colegas de trabalho. Dessa turma, quem mais lhe chama a atenção é a professora Bianca – vivida por Laura Morante, ainda não tão bonita quanto a personagem da mãe que ela interpretaria anos depois em O Quarto do Filho. A beleza dessa mulher, confirma-se, se fez com a maturidade neste último filme – poucas vezes uma mulher em desespero, despojada de planos cinematográficos que lhe favoreçam os gestos e o perfil, se mostrou tão linda na tela.
Ao mesmo tempo em que Michele, o tal professor, se apaixona por Bianca, ele se intriga com a colega. Reforça esse sentimento uma série de homicídios que passam a ocorrer nas dependências da escola, curiosamente chamada Marilyn Monroe.
Esses eventos, a paixão e o mistério desafiam as crenças de Michele, baseadas na lógica pura e simples, imune a misticismos e coincidências. Bianca é o início da escalada de Moretti rumo à coerência e ao êxito enquanto artista pensante. Consideram o filme incompleto, e talvez aí esteja o seu interesse: o de ver as preliminares de um trabalho intelectual que se faria pleno anos depois, especialmente em Caro Diário e O Quarto do Filho.
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