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Procura por penhor aumenta 10%
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
17/08/2002 | 17:06
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Na hora de quitar as dívidas, as pessoas estão lembrando que a solução pode estar dentro da própria casa, com o penhor de anéis, brincos e relógios que tenham algum valor. Os números das operações de penhor da Caixa comprovam o aumento de 3,9% na procura por esta modalidade de crédito. Segundo a instituição, no primeiro semestre do ano passado foram realizadas 620.345 operações de penhor. No primeiro semestre deste ano, foram 644.915, movimentando R$ 224,7 milhões. No Grande ABC, segundo a gerente de mercado em exercício do Escritório de Negócios da Caixa na região, Maria Aparecida Pereira Cardoso Lemos, o crescimento foi de 10%: foram 2.374 operações no primeiro semestre deste ano, contra 2.160 no mesmo período do ano passado. Segundo os usuários, o penhor tem como principais vantagens os juros, que são em patamares “bem abaixo dos cobrados por bancos ou financeiras”, e a facilidade e rapidez do processo.

O penhor de bens é uma das formas de crédito mais antigas existentes no mercado. A Caixa o disponibiliza somente em algumas de suas agências. Na região, são três agências: a da Senador Fláquer, em Santo André; a Magnólia, em São Bernardo; e a de Diadema. Segundo a Caixa, podem ser penhorados jóias (pedras preciosas e metais nobres) e relógios, desde que sejam de marcas tradicionais e acompanhados da nota fiscal. No caso de objetos, como pratarias e notebooks, o interessado tem de verificar previamente se a agência pode realizar o penhor.

Como fazer – Na agência, o procedimento é rápido e sem burocracia. A Caixa não exige avalista nem pesquisa cadastral, o que não impede que pessoas que estejam com os nomes no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) tenham acesso ao serviço. Para penhorar um bem, é necessário ter pelo menos 21 anos ou ser emancipado e no ato apresentar carteira de identidade, CIC e comprovante de residência.

De acordo com o setor de avaliação da agência Senador, no caso de jóias, serão observados critérios como o teor do ouro, o estado de conservação, a antigüidade etc. O valor segue uma tabela padrão, que paga entre R$ 8 a R$ 23 o grama do ouro e da platina.

Se o cliente estiver de acordo com o valor aferido pela peça, ele assina um contrato e já sai da agência com 80% do valor – já descontados os juros e taxas de seguro e de serviço, que são calculadas na hora. Para os empréstimos de até R$ 300, os juros são de 2,95% ao mês e nos acima dese valor, são de 3,5% ao mês. Caso a pessoa não concorde com a avaliação, paga uma taxa de 2% sobre o valor definido para a peça, por conta da análise feita.

Tempo – O cliente também é quem decide o período em que o bem ficará penhorado no cofre do banco, que pode ser por 28 dias, 56 dias ou 84 dias, podendo ser renovado por várias vezes, o que é muito comum entre os clientes. Na renovação, a pessoa paga o primeiro empréstimo e faz o segundo. Se o proprietário não voltar ao banco para retirar o bem, a Caixa aguarda em torno de 30 dias e depois encaminha o objeto, que pode ser vendido por meio de licitações, previamente divulgadas pela Caixa.

De acordo com o setor de penhor da agência Senador Fláquer, o valor médio emprestado pelos clientes é de R$ 300 e o público é bem variado, com pessoas de várias idades, entre jovens e idosos, mas preferencialmente mulheres. Outra caraterística do público é a fidelidade. Muitos utilizam o penhor por anos. Na agência, “mais de 90%” dos objetos penhorados são jóias.

Dívidas – As dívidas são o principal motivo que levam as pessoas a procurar o penhor de bens. Foi justamente para liquidar dívidas de cartão e de banco, em torno de R$ 2 mil, que Valéria – que pediu para se identificada somente desta forma – foi até a agência Senador Fláquer para penhorar algumas jóias, o que já fez em outras vezes.

“Aqui os juros são baixos e você consegue um dinheiro sem ter de pedir nada para ninguém”, disse. Nesta última vez, ela foi renovar o penhor de um relógio que já está penhorado há dois meses. A peça foi avaliada em R$ 220 e rendeu um empréstimo de R$ 161 – sendo 80% do valor e mais os descontos dos juros e taxas. “Estava precisando do dinheiro e o relógio ficava lá guardado”, disse.

Renovação – A cabeleireira Maria Andrade é outra usuária freqüente dos penhores. “Venho quando preciso do dinheiro. Nos bancos, os juros são muitos altos”. Maria disse que normalmente penhora jóias e por um período de seis meses, por meio de renovações. “Quando encerra o prazo, você vem, paga o valor e retira seu objeto, senão eles mandam para leilão, o que já aconteceu comigo”, disse.

Já a dona de casa Ilza, que também pediu para ser identificada sem o sobrenome, ressaltou que nem sempre a avaliação das peças é justa. “Eles avaliam bem abaixo do valor de mercado, mas se a gente precisa do dinheiro, aceita”, disse. Ela já utiliza o penhor há cinco anos, em média por 28 dias, sempre quando precisa de dinheiro. No dia em que a reportagem do Diário esteve na Caixa, ela esperava o penhor de algumas peças, o que daria um empréstimo de R$ 160.




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