Denis Donaldson, um ex-espião de Londres que admitiu ter se infiltrado no Sinn Fein (braço político do IRA) durante 20 anos, foi encontrado morto a tiros nesta terça-feira no noroeste da Irlanda.

"Trata-se de um assassinato brutal", declarou o primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, em comunicado. "É um ato de uma barbárie espantosa", afirmou o ministro britânico para a Irlanda do Norte, Peter Hain.

Donaldson, 55 anos, foi encontrado morto a tiros em sua casa, em Dochlry, próximo da cidade de Glenties, no condado de Donegal. Desde que foi anunciada a sua morte, no final da tarde desta terça-feira, as suspeitas giram em torno dos grupos republicanos que se opõem ao processo de paz, como o IRA (Exército Republicano Irlandês).

Donaldson foi expulso do Sinn Fein em dezembro, depois de admitir que espionou para Londres durante anos. A revelação teve o efeito de uma bomba, dado o importante papel que ele havia desempenhado no Parlamento semi-autônomo norte-irlandês de Stormont, estabelecido após os acordos de abril de 1998, também conhecidos como os acordos de Sexta-feira Santa.

Ele também esteve envolvido em um suposto caso de espionagem no interior do Parlamento norte-irlandês de Stormont em outubro de 2002, em favor do IRA. Este assunto levou à queda da Assembléia e do governo da Irlanda do Norte nascidos dos acordos de paz.

Sua morte ocorre no pior momento do processo de paz na Irlanda do Norte, a dois dias de um encontro previsto para quinta-feira entre o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e seu colega irlandês Bertie Ahern, em Armagh (Irlanda do Norte).