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Material de construção sobe 1,77%
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
29/06/2010 | 09:49
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Construir ficou 1,77% mais caro em junho. O aquecimento do setor imobiliário, a expansão do número de lançamentos por parte das construtoras e a falta de mão de obra do setor continuam a causar impacto nos preços dos materiais que, segundo o INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção Mercado), registrou 0,93% de evolução em relação a maio. No ano, o indicador acumula variação de 5,29% e nos últimos 12 meses soma 6,31%.

O INCC-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços teve variação de 1,02%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,48%. Já nos números que referem-se à mão de obra no segmento, o incremento foi de 2,59%. No mês de maio, a taxa ficou em 1,41%.

Para o representante do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo) na região e presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), Milton Bigucci, a alta já era aguardada e deve-se principalmente à grande demanda do setor.

"Quando você tem volume de lançamento superior ao que vinha acontecendo, aumenta a busca por material e mão de obra. Mas não há exagero. Já havia essa previsibilidade disso."

De acordo com o construtor, no Grande ABC houve aumento de 8% no número de lançamentos nos primeiros seis meses de 2010, o que faz com que o reajuste nos preços dos materiais - que soma 6,31% em 12 meses - fique dentro do esperado.

"No primeiro trimestre de 2009 tivemos consequência da crise econômica que ainda estava complicada e seguramos esses projetos. Há mais obras, mas a maioria deveria sair no ano passado e foi atrasada para esperar que a situação melhorasse", lembra.

O presidente do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) do Grande ABC, Paulo Piagentini, alerta que o déficit de mão de obra é um dos principais desafios do setor. Em 12 meses, o nível de emprego aumentou 14,19%, o que corresponde a mais 323.639 trabalhadores empregados. Em pesquisa feita pela entidade em março, Santo André ocupou posição de destaque com 3,39% maior nível de vagas, ou 1.347 trabalhadores.

"Em maio também houve dissídio para categoria de 8,01%. Isso traz elevação nos preços também", pontua Piagentini.

Para minimizar possíveis danos que estariam a caminho, o diretor afirma que é cada vez maior a oferta de cursos de formação de profissionais. "Firmamos convênio para qualificação de mão de obra. Atualmente, o que mais precisamos são profissionais de carpintaria e armação, que são usados no início da construção, e pedreiro de acabamento, para a parte final", conclui.

Empresas do setor precisam ampliar produção
Para evitar possível colapso no segmento, que aposta em crescimento ainda maior por conta do déficit habitacional brasileiro, o presidente do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) do Grande ABC, Paulo Piagentini, diz que é fundamental a ampliação da indústria da construção para atender à demanda.

Segundo o diretor, tem se tornado comum a expansão dos serviços oferecidos pelas companhias brasileiras. "Empresas grandes e estruturadas no setor, estão diversificando os serviços para ampliar mercado. Ainda há espaço para isso e também para novas empresas", salienta.

Entre as principais alterações, o diretor cita empresa já famosa no ramo de elétrica que agora também parte para o segmento hidráulico.

"Temos crescimento latente no Brasil que trata-se de necessidade real, não apenas uma bolha, baseado na animação do mercado", diz.

A oferta de aço, ainda escassa no País, é um dos setores que precisam de estruturação, de acordo com o diretor. "O governo diminuiu as taxas no caso de importação e isso já traz melhoras a curto prazo."

Piagentini avalia que a redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) também é grande conquista para que a construção civil não sofra com os constantes reajustes.

"O governo fez a parte dele para ajudar o segmento e não há mais muito que ele possa fazer. Reduzir os impostos de materiais foi feito. O que ainda existe são taxas altas nos imóveis, relativas a serviços de cartório, mais aí também se estuda reduzir tarifas, pelo menos paras classes mais baixas auxiliadas por programas federais", declara.

Procurada, a Anamaco (Associação Nacional de Comerciantes de Materiais de Construção) não se manifestou sobre o assunto.




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