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Nova greve geral deve parar Argentina esta 6ª
Do Diário do Grande ABC
08/06/2000 | 15:22
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O governo do presidente Fernando De La Rúa, da Argentina, enfrentará esta sexta-feira uma nova greve geral, a segunda de seu governo, iniciado em dezembro passado. Mesmo nos círculos oficiais teme-se uma grande adesao à paralisaçao.

A medida de força foi convocada pela ala dissidente da Confederaçao Geral do Trabalho (CGT), capitaneada pelo líder dos caminhoneiros, Hugo Moyano. Contudo, tem a adesao da ala que concorda em dialogar com o governo. Armando Cavalierie, desta linha, disse ontem que a medida de força é um protesto ao ajuste econômico do governo. Como se nao bastasse, as correntes de esquerda dentro da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) também aderiram.

O governo já deu um recado aos grevistas. Hoje, o ministro do Interior, Federico Storani, garantiu que quem quiser ir para o trabalho terá transporte. Nas paralisaçoes anteriores, trens, ônibus e metrô nao tinham se juntado aos manifestantes. Desta vez, o setor também deve cruzar os braços. Storani informou, todavia, que muitas empresas que quiseram trabalhar nas greves anteriores foram intimidadas. "Desta vez os serviços serao assegurados".

Mesmo sem saber de antemao que efeitos a greve terá na sexta-feira para a rotina dos argentinos, o governo a recebe com um gabinete dividido. De um lado, os liberais - formado por um grupo de economistas amigos pessoais do presidente De La Rúa - e de outro os ministros considerados "políticos", aqueles que preferem políticas de maior sensibilidade social e que defendem a reativaçao econômica por meio de investimentos em obras públicas.

"Os neoliberais podem levar o país ao desastre", disse ontem o ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-89), chefe da centrista Uniao Cívica Radical (UCR), que integra a coalizao de governo com a esquerdista Frente País Solidário (Frepaso), cujos membros nao escondem o incômodo com a guinada conservadora do governo.

Os peronistas, a principal força de oposiçao, adotou uma atitude de cautela perante a greve com declaraçoes de apoio ou manifestaçoes de neutralidade de seus dirigentes e da maioria dos governadores peronistas que controlam 14 das 23 províncias.

Como uma forma de limitar o alcance da greve, o governo decidiu descontar o dia dos grevistas e colocar em vigência um controvertido decreto que ordena o funcionamento mínimo dos serviços públicos durante as manifestaçoes. A Casa Rosada também teme incidentes nas províncias do interior, onde o desemprego tem feito manifestantes tomarem medidas desesperadas, como o fechamento de rodovias.

O presidente De La Rúa diz que a greve acontece em um momento em que "a economia começa a recuperar-se". Nao é o que as recentes pesquisas revelam. Segundo estudos, 80% dos argentinos consideram que o país está parado ou em retrocesso. Somente 12% concordam com as políticas de ajustes. Pesquisa da Ricardo Rouvier e Associados, feita em maio, mostra queda na popularidade do presidente e que 50% dos argentinos concordam com a greve geral.




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