O vereador de Mauá Roberto Rivelino Ferraz, o Professor Betinho (PSDC), se envolveu ontem em confusão com funcionário da Cellopark, empresa que explora a Zona Azul - estacionamento rotativo pago - do município. O parlamentar afirma ter sido ameaçado de morte.

A discussão ocorreu por volta das 13h15. Betinho alega ter estacionado o carro em vaga demarcada e se dirigiu ao parquímetro da esquina das ruas Almirante Barroso e Campos Sales para efetuar o pagamento da tarifa e que, apesar de depositar R$ 0,75 (valor para 30 minutos de estacionamento), o equipamento não emitiu o comprovante.

O democrata-cristão entrou em contato com o escritório da empresa em Mauá, que designou um técnico ao parquímetro. No local, Betinho reclamou com o funcionário sobre as deficiências do sistema.

O bate-boca teria começado com suposta ofensa do técnico ao político. "Ele entrou em clima ruim. Falou que mora na favela e que iria atirar em mim", relata Betinho, que ontem ainda não havia registrado boletim de ocorrência. O vereador anotou a placa do carro (ETG 0576, de São Caetano, sede da empresa) para denunciar o servidor a seus superiores da Cellopark.

O Diário procurou os representantes da empresa em Mauá. Um supervisor, identificado apenas como Sidnei, declarou que encaminhou o caso à direção e que o empregado (que teve a identidade preservada) será chamado para explicações. "Isso não pode ocorrer", frisou.

Uma das testemunhas identificadas por Betinho afirmou não ter presenciado a ameaça de morte. "Os dois estavam exaltados e trocaram xingamentos. O vereador falou que tinha sido insultado e foi para cima do técnico dizendo ‘fala de novo que sou c...'", relatou uma advogada, que concedeu entrevista sob a condição de anonimato.

Outra testemunha teria sido o secretário de Segurança de Mauá, Carlos Tomaz. O Diário tentou contatá-lo durante a tarde e a noite de ontem, mas seu celular permaneceu desligado. A Prefeitura informou que não se pronunciará sobre o caso.

APOIO DA CLASSE

Após a discussão, Betinho seguiu para a sessão na Câmara. Lá, encontrou solidariedade dos colegas, que aprovaram requerimento que convoca representante da Cellopark a prestar esclarecimento no Legislativo na quarta-feira.

O documento cita que a empresa é sediada à Rua Dr. César, na Capital. A Cellopark deixou o endereço em fevereiro de 2010 para seguir para a Rua Oswaldo Cruz, em São Caetano. Neste ano, mudou para a Rua Joaquim Nabuco, na mesma cidade.

Oposição cobra tolerância de 15 minutos em estacionamento

Antes mesmo da confusão envolvendo Betinho, a Zona Azul já era alvo de questionamentos dos vereadores de Mauá. O oposicionista Atila Jacomussi (PPS) apresentou projeto para estabelecer tolerância de 15 minutos aos veículos estacionados nas vagas demarcadas.

"O cidadão estaciona em frente uma padaria para comprar pão e ganha uma multa. A empresa (Cellopark) diz que há tolerância, mas não é o que identificamos", justificou.

O popular-socialista também criticou a exploração do sistema em ruas residenciais, como a Almirante Barroso e a Campos Sales. "Uma coisa é regulamentar o estacionamento no Centro, outra é explorar o bolso do trabalhador".

A Cellopark possui contrato de dez anos com a Prefeitura, e executa o serviço por R$ 21,7 milhões. A empresa opera também em São Caetano e Santo André.

CPI DAS FRAUDES

Também na sessão de ontem, Edimar da Reciclagem (PSDB) contrariou a expectativa da direção do próprio partido e anunciou que protocolará novo pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar fraudes na dívida ativa apenas se a comissão de acompanhamento (da qual faz parte) não desenvolver atuação convincente.

"Aguardo 30 dias para ver se surte efeito. Vamos ao Ministério Público, à Polícia Civil, e convidar o Alcibíades (Baesa Júnior, ex-chefe da dívida ativa e delator de esquema corrupto) a depor. Se não resolver, entro com a CPI", explicou.