Os procuradores que fazem parte da força-tarefa de investigação da Sudam chegaram a organizar um dossiê que mostra o percurso do dinheiro dos projetos, além de uma tabela de suborno, onde estão os valores cobrados a cada fase da liberação dos recursos, a partir da aprovação da carta-consulta. O documento, guardado sigilosamente, será uma das principais provas para chegar aos principais responsáveis pela fraude.
Baseando-se em um relatório da Sudam mostrando os principais projetos aprovados e que receberam recursos a partir de 1996 até junho do ano passado, o Ministério Público Federal espera chegar às empresas de consultoria.
Em quatro anos, dos 274 projetos que receberam dinheiro público, 68 tiveram consultoria da Ame Assessoria, Projetos e Contabilidade Ltda., pertencente à Maria Auxiliadora Barra, uma antiga funcionária da Sudam. Em seguida vem a Prestimus, de outra ex-funcionária da Sudam, que estava, há dois anos, cedida ao Ministério da Previdência Social.
A segunda meta é investigar o escritório Geraldo Pinto da Silva & Cia. Ltda., que aprovou 18 projetos nos últimos quatro anos. Junto com a Ame – que também tem outro escritório, o Contaplan – , a Prestimus e outras duas empresas de consultoria levaram quase R$ 660 milhões dos recursos liberados, mais de 60% do dinheiro que a Sudam tinha em caixa para financiar projetos em toda a Amazônia.
"Hoje o centro das operações da Sudam, sem nenhuma dúvida, está centralizado ainda em Belém", afirmou um dos integrantes da força-tarefa que investiga as operações fraudulentas da superintendência, que, além do Ministério Público, tem representantes da PF e Receita Federal. Para a fonte, a principal testemunha em todo o caso é Maria Auxiliadora Barra. "Essa ex-funcionária da Sudam é um arquivo vivo", disse a fonte. Mas, até agora, Maria Auxiliadora não foi ouvida nem pelo MPF nem pela PF.
Desde o vazamento das informações sobre a existência de um grampo da PF, as investigações praticamente pararam. "Hoje, ninguém fala nada", disse um delegado da PF envolvido nas investigações. O próprio Ministério Público Federal está tendo dificuldades em dar andamento a uma série de investigações que vinha fazendo, mas teve de desisitir diante da divulgação, pela imprensa, da existência de escutas telefônicas. Encontra restrições até mesmo em convocar testemunhas: algumas pretendiam falar, mas hoje temem que suas revelações tornem-se públicas.
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