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Investigações sobre a Sudam serão reforçadas em Belém
Das Agências
08/04/2001 | 22:04
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A partir desta semana, as investigações sobre as fraudes na Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) vão centralizar suas ações em Belém, onde procuradores da República e a própria Polícia Federal acreditam que estão os principais responsáveis pelas irregularidades. Os grandes alvos, segundos fontes da PF, são as empresas de consultorias que fazem os projetos financiados pela Sudam.

Os procuradores que fazem parte da força-tarefa de investigação da Sudam chegaram a organizar um dossiê que mostra o percurso do dinheiro dos projetos, além de uma tabela de suborno, onde estão os valores cobrados a cada fase da liberação dos recursos, a partir da aprovação da carta-consulta. O documento, guardado sigilosamente, será uma das principais provas para chegar aos principais responsáveis pela fraude.

Baseando-se em um relatório da Sudam mostrando os principais projetos aprovados e que receberam recursos a partir de 1996 até junho do ano passado, o Ministério Público Federal espera chegar às empresas de consultoria.

Em quatro anos, dos 274 projetos que receberam dinheiro público, 68 tiveram consultoria da Ame Assessoria, Projetos e Contabilidade Ltda., pertencente à Maria Auxiliadora Barra, uma antiga funcionária da Sudam. Em seguida vem a Prestimus, de outra ex-funcionária da Sudam, que estava, há dois anos, cedida ao Ministério da Previdência Social.

A segunda meta é investigar o escritório Geraldo Pinto da Silva & Cia. Ltda., que aprovou 18 projetos nos últimos quatro anos. Junto com a Ame – que também tem outro escritório, o Contaplan – , a Prestimus e outras duas empresas de consultoria levaram quase R$ 660 milhões dos recursos liberados, mais de 60% do dinheiro que a Sudam tinha em caixa para financiar projetos em toda a Amazônia.

"Hoje o centro das operações da Sudam, sem nenhuma dúvida, está centralizado ainda em Belém", afirmou um dos integrantes da força-tarefa que investiga as operações fraudulentas da superintendência, que, além do Ministério Público, tem representantes da PF e Receita Federal. Para a fonte, a principal testemunha em todo o caso é Maria Auxiliadora Barra. "Essa ex-funcionária da Sudam é um arquivo vivo", disse a fonte. Mas, até agora, Maria Auxiliadora não foi ouvida nem pelo MPF nem pela PF.

Desde o vazamento das informações sobre a existência de um grampo da PF, as investigações praticamente pararam. "Hoje, ninguém fala nada", disse um delegado da PF envolvido nas investigações. O próprio Ministério Público Federal está tendo dificuldades em dar andamento a uma série de investigações que vinha fazendo, mas teve de desisitir diante da divulgação, pela imprensa, da existência de escutas telefônicas. Encontra restrições até mesmo em convocar testemunhas: algumas pretendiam falar, mas hoje temem que suas revelações tornem-se públicas.




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