Participaram da reunião pefelista o presidente nacional da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), o líder do partido no Senado, Hugo Napoleão (PI), e os senadores Waldeck Ornelas (PFL-BA), José Agripino Maia (PFL-RN e Edison Lobão (PFL-MA). O tom do encontro foi ameno e cheio de cuidados de ambas as partes, mas parece que não houve muito efeito.
Bornhausen ressaltou a ACM que o partido não queria vigiar suas palavras na despedida do Senado, mas esperava ouvir dele "um discurso elevado". O cacique baiano tranqüilizou os colegas, prometendo não personalizar as críticas que pretende dirigir ao governo federal. Depois da reunião com a cúpula pefelista, ACM disse que recebeu "aplausos e solidariedade" dos colegas e ressaltou que tem feito tudo de acordo com as determinações da legenda. "O PFL não me pede nada que eu não possa fazer", disse ACM. "O partido foi e continua solidário ao senador Antonio Carlos", confirmou Bornhausen.
O senador Antonio Carlos disse que há respeito mútuo entre ele e o presidente do PFL, mas afirmou que também existe "independência de ações" na relação, acenando novamente com a possibilidade de um discurso mais ofensivo. Perguntado pelos repórteres sobre a necessidade de o governo temer o tom de seu discurso, logo depois da reunião, ACM foi enigmático e irônico. "Depende do ouvido", afirmou.
Na surdina - Mais tarde, ACM recebeu repórteres para uma coletiva em seu gabinete - com a condição de que nada fosse gravado. O baiano voltou atrás e admitiu novamente que não poupará o presidente Fernando Henrique e o desafeto Jader Barbalho (PMDB-PA).
ACM deixou transparecer que citará nas 35 páginas de discurso situações que causarão constrangimento ao governo, como a liberação de verbas públicas em troca de votos no Congresso – manobra usada para barrar a CPI da Corrupção, por exemplo.
Outro tema que não deve faltar no 'canto de cisne' do ex-presidente do Congresso é a crise energética. ACM deve falar que o presidente Fernando Henrique sabia há cerca de cinco anos da degola no setor.
Além de Jader, outros colegas de Senado vão aparecer no discurso – mas sem referências nominais. ACM disse que muitos senadores poderiam ser identificados em sua leitura, especialmente os membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. "Vou mostrar que fui pré-julgado por alguns que não estavam em condições de fazê-lo", adiantou.
Sobre a polêmica lista dos votos da sessão em que Estevão foi cassado, ACM disse que a destruiu mesmo. Mas garantiu que lembra de cabeça a relação dos colegas que votaram contra a punição ao senador peemedebista acusado de participar do desvio de verbas do TRT-SP. O senador baiano afirmou ainda que esses nomes não serão revelados nesta quarta-feira, mas não descarta torná-los públicos em outro momento.
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