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Ex-funcionária da Nova Sto.André diz desconhecer finalidade de dinheiro
Tatiana Freitas
Do Diário OnLine
04/07/2002 | 11:52
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A analista financeira Gisleine Valeriano da Silva, que entre 1997 e 2000 trabalhou no consórcio Nova Santo André — empresa que administra diversas linhas de ônibus da cidade —, confirmou nesta quarta-feira, na CPI instaurada na Câmara de Santo André para investigar denúncias de um suposto esquema de cobrança de propina envolvendo a Prefeitura, que fazia a contabilidade do dinheiro enviado por outras empresas de ônibus, mas desconhecia a finalidade do mesmo.

Durante o depoimento, Gisleine contou que recebia dinheiro enviado pelas empresas de ônibus São José, São Camilo, Viação Padroeira e Parque das Nações no final de cada mês. Segundo ela, a quantia recebida chegava a R$ 60 mil por mês, aos quais eram juntados mais R$ 60 mil, que seria a parte da Nova Santo André. Ela disse desconhecer, no entanto, como eram especificados os valores para cada empresa.

Gisleine disse que colocava o total arrecadado em um envelope que era entregue por ela ao gerente geral da empresa, Irineu Marcolino Martim Bianco. Também em depoimento à CPI, Bianco confirmou que cobrava dinheiro das empresas de ônibus, mas negou que se tratava de propina e afirmou que a verba era usada para serviços bancários e folha de pagamento.

A ex-funcionária da Nova Santo André, no entanto, não soube especificar para quem o envelope seria entregue posteriormente, mas ressaltou que recebia ordens para registrar essa movimentação financeira nos relatórios da empresa sob o código de despesa administrativa.

Segundo o Ministério Público, em documentos da Prefeitura de Santo André o dinheiro proveniente da suposta cobrança de propina era contabilizado sob a denominação "Despesa Administrativa", sempre identificado com a sigla "DA". Os valores que constam nesses índices seriam semelhantes e arrecadados de empresas de ônibus.

Os promotores denunciam também que o resultado era entregue por Bianco ao empresário Ronan Maria Pinto e, posteriormente, ao empresário Sérgio Gomes da Silva, que acompanhava o ex-prefeito Celso Daniel no dia em que foi seqüestrado. Ronan e Sérgio Gomes, ao lado do vereador Luiz de Oliveira Sousa (PT), são acusados de comandarem a operação.

Desde maio de 2001, Gisleine trabalha na Expresso Guarará, que pertence à família Gabrilli, que ao lado do irmão de Celso Daniel, João Francisco Daniel, denunciou a suposta cobrança de propina, que seria utilizada em campanhas do PT. Ela afirmou que parte da receita da empresa era separada e entregue à Rosângela Gabrilli, que efetuaria o pagamento.

Gisleine ressaltou ainda que não entregou documentos ao Ministério Público nem à CPI e que foi intimada a depor porque outras testemunhas citaram seu nome.




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