Cultura & Lazer Titulo
Exposiçao apresenta 75 obras do gravador Alex Vallauri
Do Diário do Grande ABC
13/03/2000 | 15:44
Compartilhar notícia


Alex Vallauri (1949-1987) foi uma espécie de Basquiat à brasileira. Nos primeiros anos da arte pós-rupestre do grafite, ele surgiu como um pioneiro no estilo e no humor e chegou a ter uma sala especial na Bienal de Sao Paulo em 1985. Em Nova York, onde viveu, a cidade transformou em cartao-postal de Manhattan um dos seus grafites retratando a metrópole.

A retrospectiva Alex Vallauri, que a Galeria Francine abre esta terça-feira (14), às 19h30, mostra 75 obras do artista naturalizado brasileiro - ele nasceu na Etiópia, era cidadao italiano e chegou ao Brasil em 1965, vindo da Argentina. Para o curador da mostra, Joao Spinelli, a comparaçao entre Vallauri e Basquiat faz pouco sentido, apesar de terem sido contemporâneos.

"A diferença é que Basquiat nao conhecia desenho nem pintura", diz Spinelli. Vallauri já era um gravador profissional aos 17 anos, quando vivia em Santos. Tinha um estilo parecido com o de Goeldi e retratava estivadores, prostitutas e personagens do cais. Depois, passou por todas as outras técnicas, como metal e litogravura, até chegar ao porchoir - técnica francesa utilizada, por exemplo, por Matisse, que consiste no uso de máscaras para a realizaçao da pintura.

O porchoir foi um passaporte para a grafitagem. Vallauri segundo Spinelli, nao fazia grafites, mas sim gravuras em grande formato. Ele foi às ruas para se comunicar com o público e acabou influenciando uma geraçao inteira de grafiteiros. Mas a sua excelência e a forte inspiraçao da pop art conquistaram também colecionadores - atualmente, os grafites de Vallauri, transpostos para o papel e a tela, custam entre R$ 200,00 e R$ 8 mil.

A última fase é a mais requisitada pelo mercado. Todo o material exposto esta terça-feira na Galeria Francine é propriedade de Léa Vallauri, mae do artista. Alex Vallauri viveu na Holanda, na Dinamarca, nos Estados Unidos, na Argentina e no Brasil. Com decisiva inspiraçao dos movimentos artísticos internacionais, ele também foi cooptado pelas temáticas políticas. Um dos seus trabalhos, feito em 1970, mostra mulheres com as bocas fechadas por alfinetes. "Todo mundo pensa que é piercing, mas isso nao existia ainda", diverte-se Spinelli. "Na verdade, ele estava fazendo uma crítica à ditadura brasileira".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;