Uma pomada criada no Canadá e aperfeiçoada pela equipe de Urologia do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) substitui a cirurgia em 90% dos casos de fimose. O produto, segundo o coordenador da pesquisa, Paulo César Rodrigues Palma, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de Sao Paulo, foi desenvolvido a partir da uniao da cortisona, cujo princípio ativo betametazona foi acrescido de enzimas proteolíticas, melhorando sua eficiência.

"Trabalhamos com dois produtos disponíveis no mercado, partindo da hipótese de que os dois trabalhando juntos funcionariam melhor", afirma o urologista. A pesquisa, que teve início em 1999, foi feita no HC da Unicamp. A pomada, que está disponível no mercado somente na forma de manipulaçao, começou a ser prescrita no início deste ano.

A fimose é uma anomalia do prepúcio (pele que cobre o pênis) que impede a exposiçao da glande (cabeça do órgao sexual masculino). Com a utilizaçao da pomada, a pele é liberada do pênis em 90% dos casos sem necessidade de cirurgia. Palma explica que o medicamento deve ser aplicado em média duas vezes por dia, durante cinco dias. Cerca de 90% dos meninos nascem com essa aderência fisiológica. Com o passar dos anos, o prepúcio solta-se normalmente. Se isso nao ocorrer naturalmente até a idade escolar, há necessidade de ajuda médica, pois a fimose pode provocar irritaçao, infecçao urinária e, em adolescentes e adultos, transtornos nas relaçoes sexuais.

Segundo Paulo Palma, a tradicional massagem aconselhada às maes pelos pediatras, com intuito de estimular a liberaçao do prepúcio, foi vetada pelos especialistas há cinco anos, por causa do risco de traumatismos e hematomas.