Política Titulo
'Eu não avalio um fato, apenas o registro', diz Fernando Henrique
18/06/2005 | 08:13
Compartilhar notícia


Irônico, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) classificou o "mensalão" de invenção contemporânea, sexta em Joinville. O sociólogo, que veio à cidade para realizar uma palestra, observou que nunca houve qualquer tipo de prática similar no Brasil. Bem-humorado, causou risos ao falar sobre a intenção do PT em voltar a investigar as suspeitas de compra de votos em 1997, ano em que o Congresso Nacional votou o Projeto de Lei que lhe garantiu o direito de disputar a reeleição à presidência da República. "Uma coisa não tem nada haver com a outra. O PT e o malufismo tentaram tumultuar a questão porque, é claro, eram contrários à matéria. Agora, querer misturar essa história de mensalão comigo, é um pouco de exagero. Mensalão? Deus me livre. Esconjuro", declarou, aos risos.

O ex-presidente esteve em Joinville para participar da Expogestão, uma feira de atualização em gestão. A atual crise política acabou sendo tratada com um pouco de cautela. Ele lembrou que não irá disputar cargo algum em 2006 e admitiu que o momento é delicado. "Eu não quero dar opiniões sobre esse assunto", despistou. O tucano reconheceu que é importante investigar as suspeitas de corrupção e punir os verdadeiros culpados. "A atual crise não é institucional: as instituições não estão em perigo. Mas é necessário investigar, apurar, responsabilizar os envolvidos", indicou. FHC não falou sobre a saída de José Dirceu da Casa Civil. "Eu não avalio um fato, apenas o registro".

Em sua palestra na Expogestão, na qual o tema era "Liderança: a experiência de um Chefe de Estado", observou que em alguns momentos um líder é obrigado a tomar decisões que exigem muita convicção. E, mesmo advertindo que o exemplo não tinha qualquer ligação com o momento atual, optou em relatar o dilema vivido pelo presidente que tem que despedir um dos seus ministros. "Eu sei que ele (ministro) não fez nada intencionalmente para me prejudicar e tento preservá-lo. Mas a situação está insustentável e a opinião pública está insatisfeita. O que estou fazendo, na verdade, é fritar esse ministro. Então, moral da história, é melhor demitir logo", exemplificou.

As especulações sobre as semelhanças entre as crises vividas nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Melo não ganharam respaldo nas palavras de FHC. O ex-presidente observou que as suspeitas contra Collor eram pontuais. A atual suspeita de corrupção envolve diferentes segmentos administrativos. "As suspeitas não atingem Luiz Inácio Lula da Silva", avaliou. FHC não acredita que a atual crise desestabilize o mercado. O tucano alertou que o crescimento econômico está interligado aos investimentos e que o desenrolar dos fatos depende do clima de confiança entre os investidores.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;