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Anistia denuncia 'mentalidade bélica' do governo Bush
Da AFP
27/10/2004 | 13:38
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A organização humanitária Anistia Internacional denunciou nesta quarta-feira a "mentalidade bélica" do governo de George W. Bush, advertindo que é "trágico" os Estados Unidos, em sua "guerra contra o terror", terem desrespeitado sistematicamente os direitos humanos.

O informe de 200 páginas da Anistia, publicado em Londres a seis dias das eleições americanas, descreve a prática de violações e abusos dos direitos humanos aplicada pelos Estados Unidos tanto no Afeganistão como no Iraque, assim como na base naval de Guantánamo, em Cuba.

A Anistia rejeita taxativamente a teoria da "maçã podre" utilizada por alguns funcionários americanos, que atribuíram as torturas cometidas na prisão de Abu Ghraib contra presos iraquianos a alguns maus elementos do Exército americano.

A tortura e os abusos a que foram submetidos os presos iraquianos em Abu Ghraib, cujas imagens escandalizaram o mundo, "eram tristemente previsíveis, devido à falta de uma liderança de direitos humanos nos altos níveis do governo", assinala o documento. A Anistia lamenta, além disso, que Bush e seu governo contribuam para essa prática de violações aos direitos humanos no Iraque, ao rejeitar utilizar o termo "tortura" para descrever o que aconteceu em Abu Ghraib, limitando-se a classificar esses fatos de "abusos".

A organização humanitária enfatiza a ironia que, quando o governo de Bush precisou justificar a invasão contra o Iraque, tenham sido citados informes da Anistia Internacional sobre torturas cometidas pelo regime de Saddam Hussein.

O documento analisa em detalhes as práticas e decisões que levaram os Estados Unidos ao caminho da tortura e da violação das leis humanitárias para guerras estabelecidas na Convenção de Genebra.

"A mentalidade bélica adotada pelo governo americano depois dos ataques de 11 de setembro não foi acompanhada pelo respeito às leis da guerra", destaca a Anistia.

A organização denuncia que a estratégia de Washington no Iraque negou aos detidos o estatuto de prisioneiros de guerra estabelecido pela Convenção de Genebra, assim como limitou o acesso aos réus alegando necessidades militares.

"O desrespeito à Convenção de Genebra pelos Estados Unidos e da lei do direito internacional contribuiu para a prática da tortura", conclui o documento.

A Anistia pede, além disso, que os dois candidatos à Casa Branca, George W. Bush e John Kerry, firmem o compromisso de que, "se eleitos, atacarão imediatamente as práticas de violações dos direitos humanos."

O informe define 12 recomendações para o governo americano, entre elas a necessidade de melhorar o acesso aos presos, e pede que Washington condene claramente a tortura e ratifique os tratados internacionais que prevêem castigos para os culpados por essas violações.




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