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Guarulhos: promoters de festa alegam que não sabiam dos problemas da casa
Do Diário OnLine
Com Agências
31/08/2004 | 20:05
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Os organizadores da festa ‘Ladies First’, ocorrida na madrugada de domingo na casa noturna que desabou em Guarulhos, na Grande São Paulo, deixando seis pessoas mortas e 126 feridas, alegaram, nesta terça-feira, que não tinham noção da segurança do local e que haviam passado ordem para que menores fossem impedidos de entrar na festa.

Em entrevista ao programa Cidade Alerta, Eric Fabiano Dias, 26 anos, disse que ele e seu parceiro, Arlécio Alisson, conhecido com Mota, não tinha experiência para saber se o local oferecia perigo. “Procuramos o imóvel para alugar e o Wilson (proprietário) garantiu que estava em boas condições, que tinha alvará de funcionamento, liberação dos bombeiros. Confiamos nele e alugamos por R$ 2,5 mil. Eu não sou arquiteto ou engenheiro para saber se estava bom. Não sabia que tinha problemas".

Mota afirmou que preparou o contrato e que Wilson Gonçalves, conhecido como Wilson Gaivota, ficou de levá-lo para reconhecer firma e não devolveu. Além disso, Mota disse que a bebida não foi controlada porque não deveria haver menores no local.

De acordo com Éric, eles se assustaram quando o mezzanino desabou, pois a casa não estava superlotada. Foram vendidos pouco menos de 600 ingressos. “Wilson disse que a capacidade da casa era para 1,5 mil pessoas”, disse Éric. No entanto, dados da polícia mostram que a festa reunia cerca de mil jovens. O prédio não tinha alvará de funcionamento e um homem que comandava a segurança do evento disse à polícia que alertou os organizadores sobre a superlotação e os riscos de desabamento do mezzanino. Mota e Éric negaram que tenham sido avisados sobre o perigo.

Os dois negam também a informação de que estariam foragidos. “Nós não fugimos. Fui eu quem chamei os bombeiros. Mas quando vi todo mundo machucado, fiquei desesperado e sai correndo. Fiquei fora de mim. Achei que fossem fazer alguma coisa comigo", afirmou Éric.

Éric e Mota devem ser apresentados às 11h desta quarta-feira no 1º DP (Distrito Policial) de Guarulhos. A informação é da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo. Eles devem ser representados pelo advogado criminalista Ademar Gomes.

O Ministério Público anunciou que vai acompanhar as investigações sobre o desabamento do mezzanino da casa noturna. Três promotores estiveram reunidos nesta terça-feira com o delegado responsável pelo caso.

A Prefeitura de Guarulhos informou que o prédio, cuja a construção não está totalmente finalizada, não poderia ser lacrado, uma vez que não estava sendo utilizado. A obra teria sido embargada em 2001 e os donos autuados. Porém, a casa noturna funcionava normalmente na noite do acidente.

Segundo os bombeiros, não havia saída de emergência no local, o prédio não tinha equipamentos de segurança e funcionava sem habite-se, autorização municipal para a realização de eventos.

O proprietário do prédio, Wilson Gonçalves, conhecido como Wilson Gaivota, está foragido. Os três — Gaivota e os dois organizadores da festa — podem ser indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e por lesão corporal.




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