Cultura & Lazer Titulo Encontro de gigantes
Peça 'remonta' diálogo entre Malcolm X e Martin Luther King

Espetáculo estreia hoje na Capital e se estende até a próxima quinta-feira

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
01/08/2019 | 07:11
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Julio Ricardo/Divulgação


Martin Luther King Jr. (1929-1968) e Malcom X (1925-1965) foram dois ícones norte-americanos na luta contra a opressão, discriminação e exclusão dos negros na sociedade. Embora fossem ativistas da mesma causa – e acabaram morrendo por isso, ambos assassinados aos 39 anos –, se encontraram apenas uma vez, no hall de um hotel no Harlem, em Nova York, onde trocaram um aperto de mão.

Mas como em arte tudo é possível, o autor, Jeff Steson, criou uma história em cima desse contato rápido, que originou a peça Encontro – Malcolm X e Martin Luther King Jr, que estreia hoje, às 21h, no Sesc Consolação, em São Paulo. A direção é de Isaac Bernat.

O texto não se restringe apenas ao lado político e histórico presentes nas trajetórias dos dois referenciais norte-americanos. O humano em ambos invade a cena e mostra que, por trás de qualquer ideologia ou estratégia de ação, existe alguém com dúvidas, contradições, idealismo e paixão pela causa a que se dedica. “Estamos diante de uma dramaturgia irretocável, contundente, terna e humana, que trata de questões como o racismo, a discriminação e a injustiça social, condutas que impedem a sociedade de ser justa e igualitária. As visões e as práticas de Malcolm e Martin têm muito a nos inspirar e ensinar neste momento onde a humanidade parece perdida e sem esperança. Aline Mohamad e eu estamos há anos tentando encená-lo e agora chegou a hora”, diz Isaac.

A também idealizadora do projeto, Aline Mohamad, conta que o texto, embora seja ambientado na década de 1960 e tenha sido escrito na década de 1980, é super atual. “Mostra com muita realidade, embora seja um encontro fictício, duas figuras tão importantes que lutavam pela mesma causa, só que por vias contrárias. É triste que avançamos e agora estamos no sentido oposto, como mostra esse momento de retrocesso que vivemos nacional e internacionalmente”, analisa.

Malcolm X, vivido na montagem por Izak Dahora, sofreu várias metamorfoses ao longo da curta vida. Nascido numa família pobre na pequena cidade de Omaha, no Nebraska, foi ladrão, agenciador de prostitutas e viciado em drogas antes de se tornar o grande líder muçulmano e preconizador de uma revolução mundial dos negros.

Já King (Rodrigo França) era doutor em Teologia pela Universidade de Boston e pastor de uma igreja Batista de Montgomery, no Alabama. Doutor King, como era chamado, assim como Mahatma Gandhi, pregou a não violência como forma de protesto contra a segregação racial.

“Embora seja um crime, ainda temos uma tendência de escamotear o racismo, que no Brasil mata, fere, exclui e enlouquece. Esta montagem é mais uma para tocar nessa ferida. À medida que espetáculos trabalham essa temática, a gente contribui para a reflexão sobre esta realidade. Martin mostrou que vale a pena lutar e buscar uma sociedade mais igualitária e com mais equidade, sempre se valendo da diplomacia, cordialidade e pedagogia como ferramentas”, finaliza seu intérprete, França. Também está no elenco Drayson Menezzes e os músicos Caio Nunes e Luíza Loroza.

O Encontro – Malcolm X e Martin Luther King Jr. – Teatro. No Sesc Consolação – R. Dr. Vila Nova, 245. De hoje até dia 11, de quinta a sábado às 21h e, no domingo, às 18h. Ingressos de R$ 12 a R$ 40, à venda nas unidades do Sesc ou no site www.sescsp.org.br.  




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