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Palocci enfrenta maiores desgastes
10/11/2005 | 23:40
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Às vésperas de comparecer ao Congresso para prestar esclarecimentos, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, viu sua situação agravar-se quinta-feira. Além de voltar a sofrer ataques de governistas e oposicionistas, Palocci ficou ainda mais vulnerável com os depoimentos à CPI dos Bingos de Rogério Buratti e Vladimir Poleto, seus ex-auxiliares na prefeitura de Ribeirão Preto.

Em meio a essa crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou quinta-feira uma operação para segurar Palocci no cargo. O ministro enfrenta o momento de maior desgaste desde o início do governo. Sua permanência na equipe depende do desfecho das investigações que o jogaram no centro da crise política depois de sucessivas denúncias de corrupção.

Sem a blindagem que o protegia das acusações, Palocci chegou a dizer a Lula que, se tiver de prestar depoimento em uma CPI, deixará o cargo. O presidente não aceita essa hipótese. Uma negociação de bastidor conduzida pelo governo acertou que Palocci comparecerá apenas à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, no dia 22.

Na tentativa de conter o fogo amigo para baixar a temperatura da crise, Lula também pediu à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que não faça mais críticas públicas ao ajuste fiscal de longo prazo e ao aumento do superávit primário. Em entrevista publicada quarta-feira, Dilma deu sucessivas estocadas no plano de ajuste proposto pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Chamou o plano de "rudimentar" e disse que esse debate é "absolutamente desqualificado". "Para a dívida pública não crescer, é preciso ter uma política de juros consistente, porque senão você enxuga gelo seco", afirmou a ministra, provocando a ira de Palocci.

Dama-de-ferro - Sucessora de José Dirceu na Casa Civil, Dilma desculpou-se com Palocci e Bernardo, alegando que se expressou mal. Conhecida como dama-de-ferro, ela afirmou que, quando falou em "rudimentar", quis dizer "incipiente". Mas o estrago já estava feito. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), tentou pôr panos quentes nas divergências. "Não há nenhum tipo de briga. Há um diálogo e uma disputa sobre concepções, como ocorre em todos os governos", amenizou Mercadante. "Mas há situações em que esse debate ganha conotação inoportuna, como agora, em que Palocci sofre ataque frontal. O momento é muito delicado."

A preocupação no Planalto é evitar justamente que a crise alimente a boataria sobre mudanças nos rumos econômicos. "O governo não vai enveredar pelo caminho da gastança populista", garantiu Mercadante, após conversar com Lula, Palocci, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, em reunião na Granja do Torto. Mas, para o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), está havendo tempestade em copo d'água. "É preciso calma nesse fiscalismo. A execução orçamentária anda a passo de cágado, enquanto as demandas sociais estão a passo de Ferrari. As opiniões de Dilma podem até ter causado confusão no governo, mas me livraram de um enfarte. Eu me senti contemplado", disse Déda.




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