Política Titulo Editorial
Muitas questões em aberto
Do Diário do Grande ABC
09/07/2019 | 10:54
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Desde que decidiu instalar centro logístico em Paranapiacaba, negócio avaliado em R$ 780 milhões, a empresa Campo Grande se especializou em ignorar a opinião pública. É como se o interesse da companhia no Grande ABC fosse apenas nos dividendos que a região pode fornecer. Sem possuir uma política efetiva de comunicação com a sociedade, acumulam-se perguntas sem respostas e dúvidas sobre o projeto. Agora, o empreendimento se vê envolvido em outra polêmica gravíssima. Dossiê elaborado por professores da UFABC (Universidade Federal do ABC) acusa a empresa de – não existe palavra mais apropriada – grilar terrenos públicos, tratando como se fossem suas duas áreas que, na verdade, pertenceriam ao município de Santo André.

Trata-se de um escândalo. Arquiteta e pesquisadora, a professora Silvia Passarelli descobriu que o projeto do centro logístico se estende por área onde se encontram dois terrenos que, segundo decreto estadual assinado em 3 de abril de 1917, foram incorporados ao município de Santo André. A denúncia foi anexada ao processo de licenciamento do empreendimento que corre na Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), onde se espera que receba a devida atenção. Embora seja uma das mais graves, a apropriação irregular de imóveis não é única suspeita que recai sobre o porto seco. Há dúvidas sobre a inadequação do negócio às características rodoviárias da região e o impacto na fauna e na flora da Mata Atlântica.

À coleção de suspeitas e dúvidas sobre o centro logístico, a direção do empreendimento responde com tática diversionista. Chega ao cúmulo de argumentar que sua proposta, que prevê o desmatamento de área de florestas equivalente a 90 campos de futebol, assegura a preservação ambiental. Fala ainda que o porto seco será capaz de empregar 1.200 pessoas e gerar anualmente R$ 35 milhões em impostos, como se tais predicados fossem salvo-conduto para pôr em xeque a sustentabilidade ecológica do Grande ABC ou, como se descobriu agora, apropriar-se de terrenos públicos. 




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