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Polêmicas marcam Cúpula das Américas no México
Da AFP
11/01/2004 | 20:36
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Os chefes de Estado do continente americano iniciam, nesta segunda-feira, a 5ª Cúpula Extraordinária das Américas sob fortes medidas de segurança e uma ampla agenda de encontros bilaterais para definir o calendário da Alca, a luta contra a corrupção e o financiamento do desenvolvimento.

A cúpula de Monterrey também será a ocasião para que alguns líderes regionais que chegaram nos últimos dois anos ao poder se vejam cara a cara pela primeira vez.

As disputas entre as capitais, em especial entre Washington e Caracas e Brasília e Buenos Aires, ofuscaram os esforços de meses dos negociadores para chegar a uma declaração com compromissos concretos na luta contra a Aids ou a ajuda às micro e pequenas empresas, em um continente com 44% da população abaixo do nível da pobreza.

Da mesma maneira, a disputa entre a Bolívia e o Chile por uma saída ao mar do primeiro poderá ser abordada, apesar de La Paz e Santiago descartarem um encontro entre seus respectivos presidente, Carlos Mesa e Ricardo Lagos, que também contam com encontros para conversar com o presidente americano George W. Bush.

A maioria dos 34 chefes de Estado e de Governo convocados chegou à cidade neste domingo, quando a declaração final já deveria ter sido concluída. No entanto, as sessões para definir os cerca de 60 parágrafos com os quais contará o texto final prosseguiam.

Fontes diplomáticas reconheceram que os trechos mais polêmicos poderão ser definidos pelos próprios líderes, em suas três sessões de trabalho na segunda-feira.

O primeiro desses temas pendentes é a alusão ao Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca), que os Estados Unidos querem oficialmente inaugurado dentro de um ano.

A menção de prazos e objetivos concretos quanto a este tema, como na luta contra a corrupção, despertaram irritação em boa parte do resto dos participantes, começando pelo Brasil.

Por outra parte, Washington propôs vincular a capacidade de pagamento da dívida de um país ao crescimento econômico, uma iniciativa que foi saudada este domingo pelo ministro da Economia argentino, Roberto Lavagna.

"A idéia de ligar o crescimento e a dívida é extremamente importante: estamos muito satisfeitos com as cláusulas de ação coletiva nos controles de emissão da dívida", afirmou Lavagn.

Os negociadores da declaração texto informaram na madrugada de domingo que o texto final estava se aproximando de uma solução intermediária, dando ênfase aos objetivos sociais do acordo.

Washington também pressionou, ao longo das últimas semanas, para que fosse mencionado o problema do terrorismo, o que foi apoiado por países como a Colômbia, que pede mais ajuda para combater esse mal. Esse tema, no entanto, irrita profundamente a Venezuela.

As duras palavras usadas pelo presidente venezuelano Hugo Chávez contra a administração Bush nos últimos dias pressagiam um ambiente carregado nas plenárias que serão realizadas no Parque Fundidora de Monterrey, cercado por barreiras metálicas com mais de dois metros de altura para evitar manifestantes indesejáveis.

Várias manifestações contrárias ao encontro estão marcadas, uma delas organizada por grupos radicais antiglobalização.

Quanto à corrupção, Washington quer enfatizar essa problemática dentro dos governos, começando pela licitação de obras públicas.

Por fim, a declaração incluirá uma menção à corrupção no setor privado, depois de escândalos empresariais que sacudiram inúmeros países, começando pelos próprios Estados Unidos.

A última Cúpula das Américas aconteceu em abril de 2001, em Quebec (Canadá). Desde então, Washington iniciou uma guerra sem cartel contra os países que considera terroristas, depois dos ataques que sofreu em seu próprio território, em 11 de setembro do mesmo ano.

Nesta reunião Washington fez questão de demonstrar que, mais do que nunca, a América Latina jamais ficou de fora de sua agenda.

Mas o conservador Bush terá pela frente reuniões com países que deram uma ampla guinada política, como o Brasil, a Argentina e o Peru que vão à cúpula com sua lista de exigências.




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