Equipes do Corpo de Bombeiros, com o apoio de um helicóptero do Grupamento Aéreo da Polícia Militar, conseguiram debelar a maior parte dos focos que se espalhavam pelas encostas do Morro de Araçoyaba.

O prejuízo ecológico nao foi mais significativo porque a estratégia de combate às chamas evitou que fosse atingido o maciço florestal de mata atlântica, que abriga espécies ameaçadas de extinçao.

O trabalho de rescaldo e de eliminaçao dos focos isolados continuava no fim da tarde e deve prosseguir sexta-feira. A estiagem e os ventos mantêm a área sob o risco do reaparecimento das chamas.

Mais de 200 pessoas foram empregadas para combater o incêndio, mas a açao do helicóptero Aguia 8, pilotado pelo capitao Luiz Savioli, foi decisiva para o controle do fogo. A aeronave enchia o bambi-bucket, uma bolsa com capacidade para 500 litros, no grande lago existente na fazenda e despejava a água sobre os focos ativos. "Ainda há muito tronco fumaceando", dizia o capitao. Com o vento, havia o risco de serem lançadas fagulhas sobre a vegetaçao seca das áreas nao atingidas.

Além da vegetaçao destruída, muitos animais e aves morreram queimados. Um filhote de veado e duas pacas foram levados para o zoológico de Sorocaba. O veadinho tinha queimaduras em 80% do corpo.

Segundo relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que administra a Flona, o ninho de um casal de urubu-rei, ave em extinçao que há dois anos vinha sendo observada por pesquisadores, foi queimado. Os biólogos nao encontraram vestígios das aves, embora tenham visto o casal voando desorientado no momento do incêndio. Quatis, gambás, ouriços, lagartos e tatus morreram carbonizados. "Vi um cachorro-do- mato assustado ir ao encontro das chamas", contou a agrônoma Mônica Sarmento Pinho, que ajudou a combater o fogo.

O Ibama investiga a origem do incêndio, que pode ter sido criminoso. Segundo a administradora Ofélia Gil Wellmsdorf, o fogo começou perto de uma área invadida por sem-terra.

Verbas - A Fazenda Ipanema tem cinco avioes que servem para combater incêndios florestais, mas eles estao parados por falta de verbas. A frota é remanescente do Curso Nacional de Aviaçao Agrícola (Cavag), do Ministério da Agricultura, extinto em 1992 pelo ex-presidente Fernando Collor.

Os avioes - dois PA-18 e três Ipanema - estao guardados no hangar da fazenda e dependem de uma revisao e pequenos reparos para voarem. Há necessidade, ainda, de pilotos e pessoal técnico.

Segundo a agrônoma Mônica Sarmento, da unidade da Delegacia Federal da Agricultura em Iperó, o projeto para a instalaçao de uma base de formaçao de aero-bombeiros na fazenda foi encaminhado recentemente ao ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes.

Segundo ela, o Brasil tem cerca de mil pilotos agrícolas que poderiam ser treinados para o combate a incêndios.