Política Titulo Novo depoimento
Calixto propõe a Aidan abrir patrimônio

Advogado diz que dessa forma suposta corrupção pelo prefeito de Sto.André pode ser constatada

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
18/04/2012 | 07:17
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Um dia após pedido do governo para enterrar a CPI na Câmara, o advogado Calixto Antônio Júnior reitera que há uma quadrilha de corrupção na Prefeitura, que se estendeu ao Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), e desafia o prefeito Aidan Ravin (PTB) a abrir o patrimônio particular, o que, segundo ele, comprovaria o enriquecimento depois de entrar no Paço, em 2009. "Quebra o sigilo (bancário e telefônico), inclusive o meu, e põe a Polícia Federal em cima dos envolvidos que consegue comprovar (o suposto esquema)."

Com depoimento marcado amanhã na Polícia Civil, Calixto reafirmou que o sistema de propina na administração era tratado por Aidan, os ex-comissionados Nilson Bonome e Jarbas Zuri, e os secretários Alberto Casalinho (Obras) e Frederico Muraro Filho (Habitação).

Assegurando a existência de extorsão sobre empresas para liberação de licenças ambientais, ele disse que, "caso as autoridades não forem corrompidas", a situação vai culminar em impeachment. "Vou apresentar provas. Tenho áudio e vídeo (de conversas com empresários), mas quero garantias da Justiça."

O advogado protocolou no Legislativo pedido de acareação com o prefeito na CPI e entrou com interpelação extrajudicial cobrando respostas do chefe do Executivo. Segundo ele, ao negar que o tenha indicado para atuar no Semasa, Aidan visa ficar como vítima. "Quero ver se ele (Aidan) tem coragem de fazer acareação e negar que não esteve comigo na padaria e em restaurantes para combinar o trabalho. Esses locais têm câmeras."

Calixto afirma que iniciou a atuação no Semasa entre setembro e outubro, quando houve o estremecimento político entre Aidan e Bonome. "Era para eu analisar todos os processos. O Aidan fez contrato verbal. Isso é normal dentro da advocacia. O contrato era pessoal. Ele me deve R$ 800 mil de honorários", disse ele. "Paralisei alguns processos para realizar levantamento, mas o Aidan disse: ‘Agora eu vou tratar direto com as empresas."

O esquema, de acordo com a denúncia, consiste em brecar a liberação da assinatura do superintendente Ângelo Pavin, última etapa para obtenção da licença. Na denúncia, o adjunto, Dovilio Ferrari Filho, participava da fraude junto com Calixto, que procurava as empresas que aguardam o documento. O advogado alega que não aceitará delação premiada, se proposta pela polícia, por sustentar que não recebeu dinheiro ilícito. "Os recursos eram da minha atuação. Nada de corrupção, é só pegar Imposto de Renda. Não vou me intimidar por isso."

Procurada, a Prefeitura não se manifestou sobre o assunto. 

AMEAÇAS

Dizendo-se coagido, Calixto afirma que está sendo ameaçado de morte todos os dias. "São ligações anônimas, cartas no meu escritório, falando que meu fim será no caixão." 

Daee atesta que não fará restituição de R$ 15 mi ao Semasa 

O Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão ligado ao governo do Estado, atesta que não haverá restituição de R$ 15 milhões ao Semasa, referente às obras realizadas pela autarquia às margens do Rio Tamanduateí, em 2010. A autarquia estadual confirma que o repasse não será possível à Prefeitura de Santo André, alegando que sem a celebração de convênio prévio entre as partes, fica inviabilizado o respectivo atendimento.

A informação oficial do Daee corrobora com as denúncias do ex-diretor de Gestão Ambiental do Semasa Roberto Tokuzumi. Ele atrelou à incompetência da superintendência ao compromisso apenas verbal com o Estado, realizando as intervenções de emergência com um contrato já em vigência. O prefeito Aidan Ravin (PTB) citou, na semana passada, que a administração ainda aguardava a verba.

A autarquia estadual argumenta, entretanto, que mesmo com a impossibilidade do repasse financeiro ao Semasa, está executando obras no Rio Tamanduateí, que beneficia diretamente Santo André, com recursos aproximados de R$ 13,5 milhões.




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