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Jovem de 16 anos não se interessa por eleições
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
05/08/2008 | 08:37
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O número de adolescentes com título de eleitor na região estagnou nos últimos dez anos. No próximo dia 5 de outubro, apenas 1,16% do eleitorado habilitado a votar terá menos de 18 anos, taxa praticamente inalterada à registrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 1998, apesar de o total de eleitores ter crescido 22,3% no período.

O interesse por política no Grande ABC está abaixo da média nacional, que é de 2,23%. A diferença mostra que o acesso à informação não se traduz em participação política. A região, que já liderou a luta sindical no País, hoje não forma militância engajada. Nos sete municípios, somente 21.738 moradores com 16 e 17 anos tiraram o título sem a obrigatoriedade do voto, direito que completa 20 anos sem modificar os resultados das urnas.

A cientista política da PUC Simone Diniz explica que o novo sindicalismo trouxe mudanças à região. "Na década de 1980, o Grande ABC era referência para quem precisava entrar no mercado de trabalho. Isso gerava uma efervescência política vista, atualmente, com um certo saudosismo", diz.

Quando as taxas municipais são analisadas separadamente, Santo André, São Bernardo e Mauá registram queda na proporção de títulos jovens. Os dados mostram também que o nível de escolarização não interfere de maneira quantitativa. Segundo informações do TSE, mais da metade dos eleitores do Grande ABC não chegou ao Ensino Médio. No Brasil, esse índice é de 64%.

A média regional é ligeiramente mais baixa que a observada no Estado (1,28%), mas está acima dos números da cidade de São Paulo, que tem 0,85% do total de eleitores com menos de 18 anos. A surpresa está nas regiões Norte e Nordeste, onde estão concentrados os maiores percentuais do Brasil. Para o professor do Centro de Engenharia e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Cláudio Penteado, os números comprovam a despolitização dos brasileiros.

"Se o voto não fosse obrigatório para maiores de 18 anos, o eleitorado seria muito menor no País. Quem tem 16 e 17 anos hoje não tem memória de lutas políticas, não viveu sequer a era Collor. A maioria não consegue identificar que a política interfere em todas as coisas, inclusive na formação dos mercados."




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