Omelete é assinada pelos escritores José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, que se reuniram a pedido do diretor Hamilton Vaz Pereira para criar um pot-pourri da obra de Shakespeare. Apesar disso, Pereira garante que nao é necessário ser um expert para compreender o espetáculo. "Nos inspiramos em parte do seu trabalho, mas tudo o que o público precisa entender está na peça. Nao é preciso ter profundo conhecimento. Porém, quem tiver lido seus livros terá outra versao da história, e perceberá outro tipo de graça", comenta.
No espetáculo, Romeu nao morre nos braços de Julieta na célebre cena final do livro - mas descobre, algum tempo depois, que ingeriu laxante em vez de veneno, ao mesmo tempo em que Julieta percebe que seu punhal perfurou um livro, e nao o seu peito. A partir daí, eles se mudam para Mântua, na Itália, e Romeu passa a confeccionar máscaras.
No decorrer da história, outros personagens de Shakespeare se unem a eles para participar de um grande baile. Entre eles estao os casais Petruchio e Catarina, personagens do livro Megera domada, e Otelo e Desdêmona, de Otelo. Durante o evento, Puck (figura retirada da obra Sonho de uma noite de verao, considerada o espírito da desordem) faz uma magia para que os três casais se misturem e se apaixonem por outros parceiros. O efeito somente terminará quando ocorrer o eclipse lunar.
Para interpretar os sete personagens, Pereira escolheu Lena Brito (Catarina), Iris Bustamante (Julieta), Ora Figueiredo (Otelo), Joao Camargo (Petruchio), Gulu Monteiro (Romeu), Marcos Breda (Puck) e a apresentadora do Casseta & Planeta Maria Paula (Desdêmona), que fez sua estréia nos palcos na temporada de dois meses da peça no Rio de Janeiro.
De acordo com Pereira, o convite à Maria Paula teve a intençao de "trazer uma novidade ao espetáculo". "Sempre gostei do jeitao dela na tevê, porque é muito animada. Desde o primeiro encontro ela se mostrou a fim de participar. Há duas coisas de que gosto na sua atuaçao: ela é muito afirmativa, o que dá grande confiança ao público, e é alegre. O público, na platéia, sente isso", diz.
O elenco, aliás, recebeu um tratamento especial na direçao de Pereira neste espetáculo. Segundo ele, o trabalho está todo centrado no desenvolvimento dos atores e na movimentaçao ágil da encenaçao. "Há muito tempo nao fazia uma peça privilegiando os atores. O maior trunfo de Omelete é o elenco, pontual e afiado com as piadas, que vai construindo os espaços. O cenário é enxuto", explica.
Esta é a primeira vez, em mais de 20 anos de carreira, que Pereira dirige um texto produzido por outros autores. A experiência, segundo ele, enriquece seu abastado currículo artístico, que inclui a criaçao, em 1974, do irreverente grupo Asdrubal Trouxe o Trombone, com Regina Casé e Luiz Fernando Guimaraes, e a autoria e direçao de dezenas de espetáculos, entre eles 5 X comédia, com Débora Bloch, Pedro Cardoso, Diogo Vilela, Fernanda Torres e Miguel Magno.
"Quis experimentar como seria trabalhar com outro autor. Foi muito bom, porque a peça está dentro do que penso sobre o teatro e a vida. Além disso, acompanhei o processo de criaçao desde o primeiro momento", conta.
Para este ano, no entanto, ele promete dois novos textos teatrais, que devem seguir o mesmo estilo cômico. Mas nao adianta os seus conteúdos: "Terá música, dança e boas gargalhadas".
Além disso, Pereira afirma que continuará colaborando no programa global Muvuca, comandado por Regina Casé, e poderá ser visto atuando no novo filme de Júlio Bressane, intitulado Sao Jerônimo, que deve estrear no segundo semestre deste ano.
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