Política Titulo Em meio discussão sobre Linha 18
Doria elogia monotrilho para traçado da Capital

Governador enaltece modal para Linha 15, da Zona Leste; para o Grande ABC, estuda troca por ônibus

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
28/05/2019 | 08:00
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André Henriques/DGABC


Enquanto admite publicamente que pode trocar o modal para a Linha 18-Bronze, que ligará o Grande ABC ao sistema metroviário da Capital, o governador João Doria (PSDB) rasgou elogios ao monotrilho durante cerimônia de início de obras da Estação Jardim Colonial, da Linha 15-Prata, que interliga a Vila Prudente ao extremo da Zona Leste.

O monotrilho foi a tecnologia escolhida pelo Estado para a Linha 18. Contrato assinado desde 2014, via PPP (Parceria Público-Privada) com o Consórcio Vem ABC, prevê construção de 13 estações, passando por São Paulo, São Caetano, Santo André e chegando ao Centro de São Bernardo – ao custo de R$ 4 bilhões. Doria, entretanto, tem dado mostras que, agora, o monotrilho pode ser trocado por BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) para baratear a obra na região.

“É monotrilho da mais alta capacidade do País que será implantado aqui. É amigável ao meio ambiente, não há emissão de gases, sistema é tração elétrica. Há eficiência, funcionalidade, velocidade e capacidade reunidos, e compromisso do governo de concluir as obras paralisadas”, disse Doria, citando as intervenções para a Capital.

Sobre a Linha 18, reiterou que irá adotar apenas critérios técnicos para definição do modal da Linha 18-Bronze. “O critério será absolutamente técnico. Não há nenhum viés político nem pode haver em situações que envolvem obras públicas, com recursos públicos, privados ou de ambos”, disse o tucano. “A decisão será anunciada em breve, e será tecnicamente amparada.”

Desde a assinatura do contrato, há quase cinco anos, nada concreto saiu do papel. Como último passo, a Assembleia Legislativa aprovou projeto que autoriza o governo a contrair até R$ 603 milhões para realizar as desapropriações necessárias para as obras. O grupo de estudo aprecia questões financeiras, orçamentárias e de demanda para consolidar o plano de mobilidade.

O presidente do Metrô, Silvani Alves Pereira, evitou avaliar o quadro atual do projeto, sustentando que a decisão relacionada à Linha 18 está sob gestão do Estado e da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, chefiada por Alexandre Baldy. Segundo o dirigente, o Metrô “não delibera sobre essa matéria”. “O que posso dizer é que o governador junto com o Baldy têm buscado solução que atenda à população e seja tecnicamente sustentável, além de que também haja equilíbrio entre a demanda e o contrato de concessão”, ponderou Silvani, rechaçando ter ciência sobre os números atualizados sobre a demanda da região pelo transporte.

Esquivando-se de dar detalhes do estudo, Baldy endossou as palavras de Doria e disse que a questão avaliada “é estritamente técnica” ao mencionar que o investimento do Estado com o monotrilho seria da ordem de R$ 3 bilhões, e que não houve preocupação orçamentária. “Todos os aspectos serão levados em consideração”, sintetizou. Preferiu tom de cautela para não falar, inclusive, sobre a possibilidade de rescisão de contrato. “Vamos lidar com os fatos, porque, por enquanto, os estudos estão sendo evoluídos. Se minha mãe não tivesse me parido eu não estaria aqui hoje. Vamos lidar com o fato.”

Força política da região ajudou eleição do tucano

Apesar do discurso do governador João Doria de basear decisão sobre o modal da Linha 18-Bronze somente em estudo considerado estritamente técnico, força política do Grande ABC contribuiu com o tucano na empreitada eleitoral de 2018, principalmente considerando as cidades por onde passam o traçado: Santo André, São Bernardo e São Caetano.

Doria venceu no segundo turno em dois dos três municípios diretamente impactados com o sistema. Ele obteve êxito em Santo André e São Caetano, geridas pelos tucanos Paulo Serra e José Auricchio Júnior, respectivamente. Registrou quadro desfavorável em São Bernardo, do correligionário Orlando Morando.

Em solo andreense, Doria conquistou 54,56% dos votos (confira quadro acima) na oportunidade, enquanto que em São Caetano arrebatou a maior fatia da região, faturando a adesão de 63,05% do eleitorado. Em São Bernardo, por sua vez, ficou com 48,43%. Cabe frisar que, ex-prefeito da Capital, Doria se elegeu com pequena margem de diferença em relação ao então governador Márcio França (PSB). O tucano recebeu 10,99 milhões de votos (51,75% dos válidos), contra 10,2 milhões de França (48,25% dos válidos) – foram 741,6 mil votos de distância. Além disso, ele perdeu na Capital.

Deste total, Doria assegurou 662,4 mil votos no Grande ABC, número 77% maior do que os 374,1 mil sufrágios contabilizados no primeiro tucano. A corrida estadual do ano passado, aliás, foi a mais acirrada dos últimos 16 anos. Em 2002, a disputa também entrou no segundo turno. Neste período, o tucanato sagrou-se vitorioso em
No primeiro turno, Doria apareceu como preferido em seis das sete cidades. O único município em que o tucano não saiu na frente foi Diadema, chefiada por Lauro Michels (PV), que deu índice superior ao ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT).

‘Estigmatizar Legislativo ou STF não é saudável’

Durante a solenidade, o governador João Doria (PSDB), criticou a estigmatização dos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro (PSL) realizados no domingo. Embora tenha avaliado com saldo positivo, considerando as manifestações pelo País “pacíficas, patrióticas e legítimas”, o tucano afirmou que parte do teor dos movimentos “não representa algo positivo” para avanço de projetos, a exemplo da reforma da Previdência e pacote anticrime do ministro Sérgio Moro. “O que eu entendo é que não deve buscar a estigmatização: separar, ofender, criticar outros poderes. Nem o Poder Legislativo ou o Judiciário. Não é o momento.”

Doria havia divulgado que não participaria das manifestações na Avenida Paulista, em São Paulo, sob alegação de que eram inoportunas e inadequadas. Para o chefe do Palácio dos Bandeirantes, o Brasil precisa de “momento de paz, equilíbrio, entendimento, capacidade e compreensão para avançar em projetos econômicos e democráticos, nos quais se inserem a reforma da Previdência como principal deles”.

Bolsonaro também não compareceu aos atos, mas os incentivou. Pelas redes sociais, o presidente classificou-os como espontâneos e como um recado àqueles que teimam com velhas práticas. Doria analisou que as faixas, bonecos e cartazes com frases duras erguidas por adeptos de Bolsonaro “não foram boas para construção de projeto democrático do País”, sobretudo, por meio da reforma da Previdência e da lei anticrime. “Estigmatizar representantes do Poder Legislativo, o STF (Supremo Tribunal Federal) ou tribunais de Justiça, e seus juízes, não representa a meu ver algo construtivo.” 




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