Análise foi feita por especialistas no encerramento de simpósio internacional de mobilidade urbana
A possível mudança de modal da Linha 18-Bronze, estudada pelo governo estadual, pode colocar em risco o plano esboçado por especialistas da região para construção do primeiro aeroporto do Grande ABC. Apesar de o projeto ainda não ter sido debatido oficialmente junto aos gestores públicos, já há consenso entre estudiosos de que a substituição do sistema de monotrilho para BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) pode inviabilizar a adesão de futuros investidores interessados em aportar recursos na base aérea.
A avaliação é que sem sistema de transporte público de passageiros similar ao Metrô, com alta demanda de passageiros – estimada em 350 mil por dia –, dificilmente municípios da região conseguiriam efetivar projeto deste porte, que requer integração entre modais.
“O aeroporto internacionalmente é um projeto casado com o Metrô. As bases áreas mais importantes do mundo e do País não têm desconexão com o Metrô. Ou seja, sem esse sistema de trilhos, não é viável ter o aeroporto”, disse Jefferson José da Conceição, economista e professor coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).
Os possíveis impactos da troca de modal foram abordados ontem durante o encerramento do 5º Encontro Íbero-Americano de Mobilidade Urbana, sediado em São Caetano. Docentes e especialistas de dez países participaram do evento.
Apresentado pela primeira vez em agosto do ano passado, o estudo que mostra a viabilidade de o Grande ABC ter capacidade para abrigar aeroporto mostra que o equipamento pode ser alternativa para aliviar a capacidade de Congonhas e Guarulhos, que estão no limite, garantindo, assim, a fluidez da demanda de voos regulares, que avançou mais de 100% no período de dez anos – entre 2005 e 2015. Oito endereços, todos em São Bernardo, foram apontados como capazes de acolher o terminal aéreo na região.
Segundo o professor Volney Gouveia, gestor do curso de ciências aeronáuticas da USCS e autor do estudo, a construção do monotrilho é fundamental para ampliação do público que pode ser beneficiado pelo aeroporto. No seu esboço, o projeto cita que o equipamento irá contemplar moradores do Grande ABC e Litoral paulista. No entanto, se construção do Metrô for efetivada, moradores da Capital também seriam público-alvo do terminal. “A Linha 18 prevê uma futura ligação com a região do Grande Alvarenga, uma das áreas previstas para construção do aeroporto.”
Além de alavancar a qualidade de vida de seus habitantes, gerando oportunidades de trabalho e renda, a avaliação dos especialistas é a de que as construções do Metrô e do aeroporto colocarão municípios do Grande ABC na rota de grandes investidores, em especial da indústria, permitindo o crescimento econômico da região.
Na terça-feira, o coordenador do Creces (Centro Regional para a Cooperação em Ensino Superior na América Latina e Caribe), Daniel Vaz, também aproveitou o evento internacional para frisar que a troca de modal da Linha 18-Bronze pode representar “enorme retrocesso” para o desenvolvimento da mobilidade urbana do Grande ABC. “A solução apresentada como BRT não vai funcionar. O BRT já é atrasado tecnologicamente.”
USCS planeja estudo sobre sistema viário e transporte
A USCS (Universidade Municipal de São Caetano) promete realizar no segundo semestre deste ano amplo estudo sobre temas que envolvam a mobilidade urbana do Grande ABC. A ideia é avançar em discussões iniciadas durante o 5º Encontro Íbero-Americano de Mobilidade Urbana, sediado em São Caetano.
O material, que será elaborado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da universidade, terá como objetivo fazer diagnóstico do sistema viário e do transporte público das sete cidades apontando possíveis caminhos para que sejam efetivados projetos sustentáveis.
“As experiências trocadas no encontro irão nos auxiliar neste processo”, avalia o coordenador do Creces (Centro Regional para a Cooperação em Ensino Superior na América Latina e Caribe), Daniel Vaz, que também integra o Conjuscs.
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