Setecidades Titulo Linha 18-Bronze
Troca de modal pode inviabilizar construção de aeroporto regional

Análise foi feita por especialistas no encerramento de simpósio internacional de mobilidade urbana

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
10/05/2019 | 08:05
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Celso Luiz/DGABC


 A possível mudança de modal da Linha 18-Bronze, estudada pelo governo estadual, pode colocar em risco o plano esboçado por especialistas da região para construção do primeiro aeroporto do Grande ABC. Apesar de o projeto ainda não ter sido debatido oficialmente junto aos gestores públicos, já há consenso entre estudiosos de que a substituição do sistema de monotrilho para BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) pode inviabilizar a adesão de futuros investidores interessados em aportar recursos na base aérea.

A avaliação é que sem sistema de transporte público de passageiros similar ao Metrô, com alta demanda de passageiros – estimada em 350 mil por dia –, dificilmente municípios da região conseguiriam efetivar projeto deste porte, que requer integração entre modais.

“O aeroporto internacionalmente é um projeto casado com o Metrô. As bases áreas mais importantes do mundo e do País não têm desconexão com o Metrô. Ou seja, sem esse sistema de trilhos, não é viável ter o aeroporto”, disse Jefferson José da Conceição, economista e professor coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

Os possíveis impactos da troca de modal foram abordados ontem durante o encerramento do 5º Encontro Íbero-Americano de Mobilidade Urbana, sediado em São Caetano. Docentes e especialistas de dez países participaram do evento.

Apresentado pela primeira vez em agosto do ano passado, o estudo que mostra a viabilidade de o Grande ABC ter capacidade para abrigar aeroporto mostra que o equipamento pode ser alternativa para aliviar a capacidade de Congonhas e Guarulhos, que estão no limite, garantindo, assim, a fluidez da demanda de voos regulares, que avançou mais de 100% no período de dez anos – entre 2005 e 2015. Oito endereços, todos em São Bernardo, foram apontados como capazes de acolher o terminal aéreo na região.

Segundo o professor Volney Gouveia, gestor do curso de ciências aeronáuticas da USCS e autor do estudo, a construção do monotrilho é fundamental para ampliação do público que pode ser beneficiado pelo aeroporto. No seu esboço, o projeto cita que o equipamento irá contemplar moradores do Grande ABC e Litoral paulista. No entanto, se construção do Metrô for efetivada, moradores da Capital também seriam público-alvo do terminal. “A Linha 18 prevê uma futura ligação com a região do Grande Alvarenga, uma das áreas previstas para construção do aeroporto.”

Além de alavancar a qualidade de vida de seus habitantes, gerando oportunidades de trabalho e renda, a avaliação dos especialistas é a de que as construções do Metrô e do aeroporto colocarão municípios do Grande ABC na rota de grandes investidores, em especial da indústria, permitindo o crescimento econômico da região.

Na terça-feira, o coordenador do Creces (Centro Regional para a Cooperação em Ensino Superior na América Latina e Caribe), Daniel Vaz, também aproveitou o evento internacional para frisar que a troca de modal da Linha 18-Bronze pode representar “enorme retrocesso” para o desenvolvimento da mobilidade urbana do Grande ABC. “A solução apresentada como BRT não vai funcionar. O BRT já é atrasado tecnologicamente.”

 

USCS planeja estudo sobre sistema viário e transporte

 

A USCS (Universidade Municipal de São Caetano) promete realizar no segundo semestre deste ano amplo estudo sobre temas que envolvam a mobilidade urbana do Grande ABC. A ideia é avançar em discussões iniciadas durante o 5º Encontro Íbero-Americano de Mobilidade Urbana, sediado em São Caetano.

O material, que será elaborado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da universidade, terá como objetivo fazer diagnóstico do sistema viário e do transporte público das sete cidades apontando possíveis caminhos para que sejam efetivados projetos sustentáveis.

“As experiências trocadas no encontro irão nos auxiliar neste processo”, avalia o coordenador do Creces (Centro Regional para a Cooperação em Ensino Superior na América Latina e Caribe), Daniel Vaz, que também integra o Conjuscs.




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