Clinton dará a largada a esta cerimônia democrata de quatro dias, que vai contar com a participaçao de 4 mil delegados, em Staple Center, um vasto complexo esportivo, em Los Angeles.

Sua participaçao vai representar um primeiro adeus a seu partido, depois de um duplo mandato, com oito anos de duraçao, que teve como resultado uma prosperidade econômica sem precedentes no país, que conseguiu inclusive deixar em segundo plano suas aventuras sexuais com a estagiária Mônica Lewinsky.

Sinais de tensao têm surgido recentemente entre a Casa Branca e os conselheiros da campanha de Al Gore.

Os conselheiros de Gore temem que o presidente, cujo carisma entre a militância democrata parece elevado e cujo comando do país ainda recebe o apoio de 60% dos norte-americanos, ofusque a chapa presidencial democrata para as eleiçoes de 7 de novembro.

Gore procura uma fórmula de discurso bastante difícil: precisa conseguir faturar em cima do sucesso econômico da era Clinton, sem pagar as conseqüências dos escândalos sexuais da Casa Branca, especialmente o caso Lewinsky, que os republicanos deverao repercutir.

Na terça-feira, ao apresentar seu companheiro de chapa, o senador judeu Joseph Lieberman, em seu reduto, em Nashville (Tennessee), Gore teve o cuidado de evitar citar o nome do presidente, sendo imitado por Lieberman.

Alguns colaboradores de Gore também se irritaram com a intençao de Hillary Clinton de aproveitar a convençao de Los Angeles para coletar fundos e avançar sua campanha por uma vaga no Senado, representando o Estado de Nova York.

Depois de várias discussoes, o casal presidencial, que será convidado especial em recepçoes organizadas durante o final de semana em Beverly Hills, com as estrelas de Hollywood, aceitou limitar sua presença na inauguraçao da convençao, onde Gore só vai chegar na quarta-feira.

Clinton será o principal orador na segunda-feira. Em seu discurso no Staple Center, o presidente, segundo seu porta-voz Joe Lockhart, utilizará todo seu talento como orador para desenhar um amplo panorama dos progressos sociais e econômicos conseguidos durante os oito anos de sua administraçao.

O presidente pedirá votos pela mudança dentro da continuidade, pregando um nao à `virada de 180 graus' proposta pelo candidato republicano George W. Bush, `que traria de volta os fracassos políticos do passado.'

Mas segundo Lockhart, Clinton nao tem a intençao de sair de cena progressivamente, pretendendo permanecer na ativa principalmente porque, em setembro, está marcada uma nova `grande batalha orçamentária' entre a Casa Branca e a maioria republicana no Congresso.

Clinton quer vetar as enormes reduçoes orçamentárias representadas pela reduçao de impostos proposta pelos republicanos, que transformaram a questao no carro-chefe de sua campanha eleitoral.

O presidente nao esquece que em 1996 assegurou sua reeleiçao à Casa Branca contra o republicano Bob Dole depois de uma queda-de-braço dramática sobre o orçamento, que obrigou o governo a fechar temporariamente todos os serviços federais do país.

A palavra final, no entanto, vai estar com os eleitores norte-americanos, em 7 de novembro.